29 novembro 2023

POMPEIA

 POMPEIA

A tragédia da existência humana

A história de Pompeia é a história da humanidade numa coleção de fotos. Retratos que nos remetem para um passado longínquo, mas inquietante porque adquirimos consciência real de que tudo o que valorizamos e amamos pode extinguir-se de um momento para o outro.

Os habitantes da Pompeia tinham acabado de festejar a Vulcanália, uma festa de homenagem ao Deus Vulcano e prosseguiam com festividades em memória de César Augustus, quando no dia 24 de Agosto de 79 DC, às 22 horas, o Vesúvio entrou em erupção e, num curto espaço de tempo, envolveu a cidade num “tsunami” piroclástico, soterrando tudo e todos os que não conseguiram escapar após os primeiros sinais (chuva de púmice).

As prospeções arqueológicas dos últimos séculos permitiram redescobrir Pompeia e retratar a vida interrompida há quase 2.000 anos.

As cinzas vulcânicas preservaram um património artístico considerável, do qual, os frescos das vilas senhoriais e os motivos decorativos dos estabelecimentos servem para dar um vislumbre da vida no 1º século da era cristã.

Independentemente da qualidade artística dos frescos de Pompeia, aliás assinalável, qual é o seu conteúdo e propósito?

As vilas mais luxuosas exibem motivos relacionados com a filosofia, a arte e a literatura, especialmente de origem grega. A mitologia grega, por exemplo, ocupa um lugar de destaque.

Não surpreende esta relação com a mitologia grega. A evocação dos seus mitos traz ao consciente arquétipos fundacionais da mente humana. Os gregos acreditavam que não eram donos do seu próprio destino e a erupção do Vesúvio parece confirmá-lo. Em última análise estamos submetidos aos desígnios dos Deuses, de Deus ou da Natureza.

Nalguns estabelecimentos a arte de Pompeia revelava-se mais utilitária, explicando a natureza dos serviços prestados e até incentivando à ação.

É a arte a cumprir a sua função evocativa de estados mentais, que facilitam comportamentos e cimentam a coesão social. A arte abstrata do século XXI, pelo contrário, não é passível de uma interpretação coletiva, impondo-nos um individualismo radical que surpreenderia os habitantes de Pompeia.

Contemplando a tragédia de Pompeia e o seu legado, devemos ter sempre presente que ‹‹A vida é para ser vivida como se fosse eterna, nunca esquecendo que pode terminar a qualquer momento››.

A arte pode ajudar-nos a lidar com esta contradição.

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