A contraofensiva Ucraniana (iniciada em Junho 2023) tem sido um desastre total. Dezenas de milhar de soldados aniquilados, perdas incalculáveis em equipamento e desmoralização das FAU, são a demonstração desse desastre.
Aparentemente, o assalto a linhas de defesa bem entrincheiradas é um dos maiores desafios militares que se podem conceber. Douglas Macgregor recorda-nos que, ‹‹o exército alemão, indiscutivelmente o exército mais bem treinado e mais competentemente liderado nos últimos 100 anos, optou em 1940 por evitar atacar frontalmente a Linha Maginot››, contornando-a, para não sofrer baixas descomunais.
Ao refletir sobre esta realidade atual da guerra da Ucrânia, ocorreu-me que uma dificuldade similar, embora muito menos sangrenta, se coloca a todos os que pretendem desenvolver projetos pessoais ou empresariais em países socialistas.
Há interesses entrincheirados que minaram as áreas de combate, que dispõem de “poder de fogo” considerável e que têm informações, em tempo real, sobre todos os movimentos dos atacantes.
Essas “linhas de defesa” sociais, económicas e culturais, são mais difíceis e perigosas quando o Estado está imiscuído no mundo dos negócios e quando o capitalismo é de compadrio.
Projetos novos começam por ter dificuldade em obter alvarás, os financiamentos dependem dos conhecimentos e das cunhas e o próprio mercado está “condicionado”.
Em áreas como a saúde e a educação todos estes fatores se exponenciam. Deixem-me dar, como exemplo, as dificuldades que se ergueram às Faculdades de Medicina privadas.
Mas as linhas de defesa não se limitam às minas e às trincheiras tradicionais. Para os prevaricadores que sobrevivem ao primeiro embate com o sistema, aguarda-os a artilharia pesada – as auditorias, a Procuradoria, as queixas anónimas nas entidades reguladoras, as próprias Ordens profissionais e até os sindicatos.
Claro que há algumas estratégias de sucesso no assalto ao status quo, só que não esperem encontrá-las nos manuais da OTAN.
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