A ciência é acerca da procura de relações causais às quais se possa conferir um conteúdo empírico. Ora, é isso que nunca se encontra na obra intelectual do professor Boaventura Sousa Santos. A esmagadora maioria das afirmações que faz não possui qualquer conteúdo empírico e, nas raras vezes em que é possível dar um tal conteúdo às suas teses, esse conteúdo suporta normalmente, não a tese do professor Boaventura, mas a tese oposta.
O professor Boaventura Sousa Santos faz política sob a aparência de estar a fazer ciência, e a política que faz é uma diatribe permanente contra a cultura ocidental e cristã, de longe a cultura mais extraordinária, sob todos os pontos de vista - material, científico, humano - que a humanidade alguma vez conheceu.
O professor Boaventura lidera um culto ou uma seita contra a cultura ocidental, diria o povo "contra a mão que lhe dá de comer" e lhe permite, ao serviço de uma universidade pública e com dinheiros públicos, andar a pregar contra o diabo do neoliberalismo, que dentro de si contém três diabinhos - o capitalismo, o colonialismo ou racismo, e o sexismo ou patriarcado. O culto assenta em pôr pessoas contra pessoas, é uma religião do ódio.
São frases feitas, vazias de conteúdo, expressões de fé, frequentemente opostas à realidade e apimentadas com uma boa dose de wishful thinking, a maior parte das vezes pura irracionalidade ou mera conversa fiada.
Para ilustrar este último ponto escolhi uma conversa entre o professor Boaventura Sousa Santos e o teólogo da libertação Leonardo Boff acerca do conceito de povo (cf. aqui).
É o professor Boaventura que começa por dar uma definição de povo, "são os opressores e os oprimidos" (min. 0:19), quer dizer, o povo é toda a gente, ninguém fica de fora. O momento alto do diálogo surge pouco depois quando o teólogo Boff diz que "o povo, na verdade, não existe". (min. 1:21). Só faltava esta para quem se propunha discutir o que é o povo.
A partir dali, perde-se um pouco a paciência pois o sociólogo e o teólogo estão a discutir uma coisa que não existe - o povo. Logo a seguir, Boff insiste: "O povo brasileiro está nascendo, não existe" (min. 1:53). Ora, toda a gente pensava que existia povo no Brasil. Mas, não, não existe, está apenas nascendo.
Depois é o professor Boaventura a dizer: "Eu tenho um pouco de medo do conceito de povo, não tenho medo do povo, mas tenho medo do conceito de povo" (min. 3:26). O medo dele é das palavras. Mas se o povo não existe como é que ele poderia ter medo do povo? E não existindo povo, não pode existir conceito de povo, é um conceito vazio.
O teólogo Boff acaba a especular eloquentemente sobre como é que o povo se há-de articular com aqueles que não são povo. Isto, depois de ter dito e redito que o povo não existe.
Uma verdadeira conversa de chacha.
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