As notícias sobre o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra têm contribuído para trazer à superfície a cultura da instituição e o pensamento que lá se cultiva sob a liderança do professor Boaventura de Sousa Santos.
Politicamente, é um pensamento de extrema esquerda que se exprime em Portugal através do Bloco de Esquerda e do Livre. Mau grado as suas múltiplas variantes é uma linha de pensamento extremamente simples e que assenta nas seguintes estacas.
Primeira, a procura incessante por algum grupo social que possa ser vitimizado - os trabalhadores, os pobres, os negros, as mulheres, os homossexuais, uma tribo latino-americana.
Segunda, feita a vitimização, passa-se à procura do algoz que invariavelmente é o neoliberalismo.
Terceira, o neoliberalismo tem três dimensões maléficas - o capitalismo, o racismo e o sexismo (patriarcado).
Quarta, todas estas dimensões são identificadas com o homem branco de cultura ocidental (eurocentrismo) que representa, por excelência, o capitalismo, o racismo e o patriarcado.
Quinta, tudo termina em luta - a luta dos oprimidos contra os opressores - que é a característica distintiva do marxismo.
Sexta, a conquista do poder político e os movimentos populares são a solução para acabar com este domínio maléfico do homem branco sobre os outros.
Trata-se de uma linha de pensamento que é particularmente popular na América Latina, com a sua cultura católica. Na realidade, estas "epistemologias do sul" têm enormes semelhanças com a Teologia da Libertação e com a socio-economia de Francisco que tratei recentemente neste blogue.
Embora se afirme progressista, é um pensamento do terceiro-mundo que serve para desculpabilizar a incapacidade das suas culturas para tirar as suas respectivas populações da fome, da doença, da miséria e da morte prematura, e para culpabilizar a cultura europeia (e norte-americana) que lhes tem levado os remédios para tudo isso.
Claro que o capitalismo - mais praticado hoje na América do Norte do que propriamente na Europa - é uma criação do homem europeu. Claro que existem muitos homens europeus que são racistas. Finalmente, é claro também que existem muitos homens europeus que são sexistas, como o próprio professor Boaventura parece exemplificar tão bem.
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