21 março 2023

A menos que...

 


Eis o que pensa o juiz Vaz Patto sobre a responsabilização criminal (v.g., por encobrimento) da hierarquia católica nos casos de abuso sexual de menores no seio da Igreja:

"Se fôssemos para esse âmbito do judicial, seria muito penoso para as vítimas, antes de mais, mas para a própria Igreja também seria" (cf. aqui).

Eu subscrevo inteiramente.

Seria muito desagradável julgar criminalmente a hierarquia católica por encobrimento, incluindo os bispos e o próprio juiz, que também faz parte da hierarquia.

A menos que...

A menos que o julgamento fosse num tribunal criminal de primeira instância do Porto.

É que, havendo condenações,  o recurso iria para o Tribunal da Relação do Porto. Depois, por um daqueles milagres típicos dos sorteios aleatórios que acontecem na justiça portuguesa, o caso iria parar à 1ª secção criminal, onde o juiz Vaz Patto exerce a sua actividade de juiz (cf. aqui).

Em seguida, mais um milagrezito aleatório e, dentro da 1ª secção,  o recurso seria distribuído ao próprio juiz Vaz Patto que absolveria os bispos e, eventualmente, a si próprio.

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