Não deviam ser permitidas greves no sector público.
Se o serviço é tão importante para ser entregue ao Estado, em representação da comunidade, então a sua interrupção não deveria ser permitida.
No caso da educação, que é um serviço que tem alternativas no sector privado, as greves põem a descoberto toda a demagogia acerca do ensino público.
O ensino público é defendido como um instrumento de igualização social, permitindo aos pobres ascenderem na sociedade de uma maneira que sem ele não seria possível.
A verdade é que as escolas públicas só têm contribuído para aumentar as diferenças sociais. Nos rankings do ano passado, entre as 50 melhores escolas do país dominavam as privadas e só onze eram públicas. Nos próximos anos, a situação só poderá ter tendência a agravar-se.
Nas escolas privadas não há greves, embora os professores sejam livres de as fazer. A diferença está no patrão. É que se nas escolas privadas os professores fizerem greves com a frequência e intensidade com que fazem os professores das escolas públicas, também vão para a rua - embora não para fazer greves, mas directamente para o desemprego.
Esta diferença torna claro que o ensino público está muito mais ao serviço, não dos alunos ou das famílias pobres, mas de certas corporações de interesses, de que a principal é a dos professores.
É uma ironia que a demagogia da escola pública, e o "choradinho dos pobrezinhos" que lhe anda associada, esteja a dar cabo da pouca respeitabilidade que ainda resta à escola pública sob um governo que é socialista, e que teve o apoio do PCP e do Bloco de Esquerda.
Ninguém teria conseguido fazer maior propaganda contra a escola pública e a favor da escola privada do que o descalabro que está a ocorrer no ensino público com a presente onda de greves.
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