Consideremos uma família de pai, mãe e três filhos. O pai e a mãe, que são a autoridade administrativa desta família, conhecem as necessidades dos filhos, e sabem, portanto, quantos litros de leite, quilos de carne, dúzias de ovos, etc., são necessários por mês para os sustentar.
A afectação dos recursos ("o que é que se deve produzir, e para quem?") por via administrativa é possível numa pequena comunidade, como a família.
Imaginemos agora que, em lugar de três, os filhos são em número de três milhões. Neste caso já não existe maneira de os pais conhecerem as necessidades dos filhos, na realidade, eles já não têm possibilidade sequer de conhecer os filhos, quanto mais as suas necessidades.
Um outro sistema de afectação de recursos torna-se necessário. É o sistema de mercado e é impessoal. Ele consiste em cada um exprimir as suas necessidades perante quem as queira satisfazer e pagar por isso. Ele consiste também em dar liberdade a cada um para se dedicar na vida a fazer aquilo que mais lhe aprouver.
O sistema administrativo é adequado para satisfazer necessidades conhecidas de pessoas conhecidas (isto é, numa pequena comunidade), mas é desadequado para satisfazer necessidades desconhecidas de pessoas desconhecidas (como numa grande comunidade). Aqui, só o mercado produz resultados satisfatórios.
Numa grande comunidade, o sistema administrativo, que é o sistema próprio do socialismo, tem alguma probabilidade de funcionar se a comunidade for parada, em que as necessidades das pessoas, ainda que em número de milhões, se repetem monotonicamente de um ano para o outro outro.
Foi o facto de Portugal ter tido uma sociedade estagnada (na economia, na população, etc.) nos últimos 20 anos que permitiu ao SNS protelar o descalabro que está agora a exibir.
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