Lusa: "Cotrim de Figueiredo (IL) dá a palavra em como não fará governo com o Chega" (cf. aqui)
Apoiei activamente o aparecimento da Iniciativa Liberal no espaço político português, primeiro nas eleições europeias de 2019 e depois nas legislativas do mesmo ano.
Desde 1976 que não votava em eleições legislativas - que foram as primeiras em democracia -, porque nunca encontrei o partido que exprimisse as minhas preferências. Até que em 2019 esse partido apareceu - a Iniciativa Liberal - e foi nele que votei.
Pouco tempo depois comecei a ver, com muita surpresa, o Carlos Guimarães Pinto primeiro, e o Cotrim de Figueiredo depois, a darem entrevistas em que se insinuavam perante o PSD e se demarcavam claramente do Chega. Passei a desconfiar que a IL iria ser um CDS versão 2.0, tando mais que o próprio Cotrim de Figueiredo, entretanto eleito presidente da IL, vinha do CDS.
Custava-me aceitar como é que um partido novo, ainda por cima que se reclamava do liberalismo, se predispunha a seguir o mesmo caminho de um outro - o de muleta do PSD - que, já então, se apresentava em clara via de extinção - o CDS.
Ocorreu-me nessa altura o facto de os fundadores do CDS - como Freitas do Amaral e Basílio Horta -, que inicialmente se reclamavam da democracia cristã, terem acabado no PS. Os fundadores da IL poderiam vir a acabar da mesma maneira - socialistas. Pela evidência, já estavam a caminho.
Aquilo que eu não podia compreender de todo era uma questão de natureza teórica, a saber, como é que um partido liberal, como a IL, aceitava associar-se a um partido socialista, como o PSD, porque a social-democracia foi sempre, e em todos os lugares, uma corrente do socialismo.
Liberalismo e socialismo são como azeite e água, adversários figadais, a Inglaterra vs. a Alemanha, uma adversidade sagrada e irreconciliável entre calvinismo e luteranismo. No âmbito católico é como querer juntar debaixo do mesmo tecto o Opus Dei (que representa o calvinismo catolicizado) e os Jesuítas (que representam o luteranismo catolicizado).
O Chega é um partido conservador, exprimindo a cultura tradicional portuguesa, que é uma cultura católica. Liberalismo e socialismo, relevando de duas versões do protestantismo cristão - o calvinismo e o luteranismo, respectivamente - são ambos adversários da cultura tradicional portuguesa. Nessa adversidade une-os a rejeição da tradição (que é a marca distintiva do catolicismo).
Porém, a rejeição do catolicismo tradicional português é muito mais intensa e agressiva por parte do luteranismo (socialismo) do que do calvinismo (liberalismo). E isso explica, talvez, que a aliança mais duradoura que Portugal mantém com países europeus tocados pela influência protestante seja precisamente com a Inglaterra. A título de exemplo, a cidade do Porto está repleta de sinais da influência inglesa, sobretudo ligados à indústria dos vinhos do Porto. E não foram raras as vezes em que a preservação da independência nacional se ficou a dever à protecção dos ingleses.
Por isso, eu não consigo até hoje compreender por que é a Iniciativa Liberal rejeita tão enfaticamente o Chega, que é um partido conservador português e que partilha com a IL o liberalismo na economia, e decide, em lugar disso, associar-se a um partido socialista como o PSD, ajudando a perpetuar o socialismo no país e a estatização da economia e da sociedade.
E, não conseguindo compreender isto, eu mudei-me da Iniciativa Liberal para o Chega.
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