26 novembro 2021

a cada 50 anos

Nos últimos dois séculos, Portugal parece ter vivido em ciclos de 50 anos.

Em 1820 ocorreu a revolução liberal que pôs fim à monarquia absoluta e iniciou um período onde prevaleceram em Portugal as ideias do liberalismo anglo-saxónico e da revolução francesa.

Cerca de 50 anos depois, com a geração de 70, chegaram a Portugal as ideias do socialismo. Um dos principais intérpretes dessa ideias foi Oliveira Martins, autor de uma "Teoria do Socialismo" e também de uma feroz crítica ao Portugal do seu tempo, no livro que dá o nome a este blogue. 

O socialismo da época convenceu-se que a raiz dos problemas de Portugal estava na monarquia e encarregou-se de substituir a monarquia pela república em 1910, cujo primeiro presidente, Manuel de Arriaga, foi um dos membros da geração de 70. Seguiu-se então aquele que foi, sem sombra de dúvida, um dos períodos mais negros da nossa história.

Cerca de 50 anos depois da geração de 70, na década de 1920, a revolução de 28 de Maio de 1926 iniciou, para todos os efeitos práticos, um novo período da nossa história, radicalmente diferente do anterior, e que viria a ficar conhecido pelo período do Estado Novo.

Mas o Estado Novo também só durou cerca de 50 anos. Na década de 1970, a revolução do 25 de Abril de 1974 pôs fim ao Estado Novo e iniciou um novo período da história de Portugal, a que poderíamos chamar de democracia liberal. 

Se a tendência para alterações radicais a cada 50 anos se mantiver, a década de 2020 vai ser aquela em que vamos assistir a uma nova alteração substancial do nosso regime político. Parece que os portugueses se cansam dos seus políticos e dos seus regimes políticos a cada 50 anos. Uma grande mudança pode estar aí à porta.

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