A tese que circula em certos meios de comunicação social acerca da divulgação do vídeo do eurodeputado Paulo Rangel, e que foi posta a circular por ele próprio fazendo-se de vítima (cf. aqui), de que se trata de uma violação da sua vida privada, não tem ponta por onde se lhe pegue.
Um eurodeputado, representante do público português, apanhado em público a cambalear com uma bebedeira daquela dimensão, não está no exercício da sua vida privada. Está a expor-se em público ele próprio, que é uma figura pública. Em nenhum momento o vídeo revela qualquer pormenor da vida privada do eurodeputado (v.g., a porta de onde saiu ou a porta por onde vai entrar).
Além de comportamento impróprio em local público - ele não está em Bruxelas a título individual, mas como representante do povo português -, ele exibiu grossa negligência porque poderia ter-se protegido (v.g., chamando um táxi ou fazendo-se acompanhar por alguém que o amparasse).
O assunto é um assunto de interesse público. O povo português fica a conhecer melhor quem o representa em Bruxelas e os estados de alma em que são susceptíveis de cair aqueles que, em sua representação, fazem as leis na Europa.
Num país com verdadeira tradição democrática ele seria forçado a demitir-se sob o argumento: "É este homem, que se presta a estas figuras, que nos representa em Bruxelas? Quem é que se sente bem representado por um eurodeputado que ostenta as suas bebedeiras na rua?". Ainda recentemente, um ministro inglês foi forçado à demissão por muito menos do que isso (cf. aqui).
Em qualquer caso, seria interessante saber o que diria a mesma comunicação social se fosse o André Ventura.
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