Uma das originalidades que o Chega trouxe para a política portuguesa - e talvez daí o seu sucesso - é a religião. O Chega é um partido popular e o povo português é religioso, esmagadoramente católico e o criador do maior país católico do mundo - o Brasil. Nenhum outro factor como o catolicismo contribuiu tanto para definir a cultura portuguesa e conferir identidade aos portugueses.
Quem ler a reportagem que a revista Visão hoje traz sobre o Congresso do Chega em Coimbra, no passado fim de semana, vai verificar a centralidade que a revista atribui à religião nos trabalhos do Congresso. Fala-se em Opus Dei, membros da Igreja Maná, católicos e evangélicos e até se refere a moção de um militante que quer a religião afastada do partido - isto é, que ambiciona um partido laico.
O Chega é considerado um partido radical - uma palavra que deriva do latim radix, que significa raízes - e também no aspecto religioso isso se verifica porque vai à raiz da questão. A política moderna teve origem na religião, e as duas grandes ideologias, como o socialismo e o liberalismo clássico ou anglo-saxónico, não são mais do que duas religiões sem Deus - a primeira, o luteranismo cristão, a segunda o calvinismo, também cristão.
Mas existe uma questão mais de fundo. Se a política trata de organizar a sociedade também aí devemos ir às raízes dessa organização e, quando o fazemos, vamos inexoravelmente encontrar Deus. Em toda a história da humanidade, não existe uma única civilização, passada ou presente, que não tenha tido um Deus. Algumas tiveram vários.
Todas as civilizações tiveram necessidade de um Deus e a nossa não é excepção. Não existe civilização sem Deus. Deus é a ideia mais fundamental da humanidade. Sem Deus seria impossível a vida em sociedade, e todos os frutos da civilização teriam sido impossíveis.
Querer organizar a sociedade, como fazem os partidos tradicionais, como se Deus não existisse (etsi Deus non daretur) é, portanto coartar uma parte da realidade, é omitir aquela parte da realidade que é a mais importante de todas - a realidade de Deus, que é o que dá sentido e torna possível a própria sociedade. As consequências dessa organização da sociedade sem Deus só podem ser desastrosas, como a governação desses partidos tem demonstrado.
O Chega faz aquilo que os outros partidos não fazem, e também aí ele é inovador. O Chega põe Deus no centro das suas preocupações.
À questão final e habitual - O que é Deus? -, talvez valha a pena invocar o Papa Emérito Bento XVI pois não deve haver pessoa viva que mais tenha reflectido sobre esta questão do que ele. A resposta que ele deu foi:
-Deus é a realidade.
Um partido como o Chega que põe Deus no centro das suas preocupações é, portanto, e em primeiro lugar, uma partido focado na realidade - que é isso que os outros não são.
Sem comentários:
Enviar um comentário