23 maio 2021

Auto-responsabilidade (3)

 (Continuação daqui)


3. A culpa é dos ricos


"Os pobres são pobres por culpa dos ricos", assim diz a cultura da auto-vitimização. Mas o Estado vai tornar os pobres ricos. Uma das vias é proporcionar-lhes ensino ao mesmo nível dos ricos.

E é assim que ao longo das últimas quatro décadas o Estado português tem gasto imenso dinheiro em escolas públicas, em professores  e em equipamentos para essas escolas públicas. Mas não apenas isso. O Estado vai ao ponto de controlar ao detalhe os programas educacionais do país para se certificar que  a solução não falha em tornar os pobres ricos.

Os economistas têm uma regra prática segundo a qual aquilo que custa um no sector privado custa três no sector publico. O dinheiro gasto em escolas públicas teria dado, portanto, para financiar três vezes mais estudantes em escolas privadas, que talvez fosse a solução mais adequada para tornar os pobres ricos - misturar os pobres nas escolas dos ricos, fazendo os pobres conviver com os ricos para eles verem como os ricos agem na vida, enfim, permitir aos pobres tomar contacto com a cultura dos ricos.

A luta pela escola pública tem sido uma luta sem tréguas em Portugal, tudo em nome de diminuir as desigualdades e, em última instância, de tornar os pobres ricos. Os resultados desta luta estão agora à vista. Entre as 40 melhores escolas do pais, não existe uma - uma única sequer - que seja uma escola pública.

E o balanço dos últimos 20 anos é catastrófico. Em 2001, das 50 melhores escolas do país, 29 eram públicas e apenas 21 eram privadas. Hoje, entre as 50 melhores escolas do país, apenas três são públicas e 47 são privadas, e as três públicas aparecem abaixo da 40ª posição. Quer dizer, em lugar de diminuir as desigualdades, a escola pública só contribuiu para as agravar.

Perante isto, o que fazer?

-Continuar a luta pela escola pública!, dizem os intelectuais do regime (cf. aqui).

(Continua)

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