13 abril 2021

escândalo e humilhação

Foi Portugal que levou este procedimento inquisitorial para o Brasil, que consiste em prender uma pessoa para prestar declarações. Assim:

"A autarca foi detida, de manhã, à porta de casa, avisando o vice-presidente para a substituir na reunião de Câmara e dizendo-lhe, apenas, que não podia estar presente. Já está a caminho de Évora para ser ouvida pelo Departamento de Investigação e Acção Penal" (cf. aqui).

No Brasil, e no seguimento do que fizeram ao ex-presidente Lula (e em Portugal ao ex-primeiro-ministro Sócrates no aeroporto de Lisboa), prender uma pessoa, ainda por cima no exercício de um cargo público, para a interrogar, passou a ser proibido. A pessoa é convocada para prestar declarações e só faltando à convocatória é que poderá ser detida para o efeito.

O propósito é simplesmente, à boa moda da Inquisição, o de provocar escândalo e  humilhação do arguido, neste caso a presidente da Câmara de Vila Real de Santo António.

Quatro dias depois do escândalo da Operação Marquês - onde, literalmente, a montanha pariu um rato - temos hoje uma réplica no Algarve, em ano de eleições autárquicas, numa operação que tem todos os ingredientes de pretender fazer política sob a aparência de estar a fazer justiça, outra das características da Inquisição.  .

O Ministério Público, na senda da Inquisição, tem por missão defender um poder absoluto, centralizado e corrupto. Por isso, os seus alvos principais são os autarcas. É em relação aos autarcas que o Ministério Público, nas palavras do falecido presidente da Câmara de Viseu, Almeida Henriques, pratica verdadeiro "tiro ao alvo" (cf. aqui).

Almeida Henriques morreu, vítima desta mesma prática e sem que ninguém tivesse acabado com ela. Pode ser que fique cá alguém que, para lhe fazer homenagem, acabe com a prática e com a Inquisição.

Os portugueses, confundindo permissividade com democracia, permitiram que uma corporação de criminosos lhes sequestrasse o poder judicial. Têm agora os resultados à vista. Não tarda que os autarcas passem a ser escolhidos pelo Ministério Público, e não mais por eles.

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