21 janeiro 2021

Contar mortos


A pandemia tem sido comparada a uma guerra. Mas há uma coisa que nenhum Governo faz em tempo de guerra, mas que o Governo português tem feito durante a pandemia.

Contar e publicar o número de mortos numa base diária.

Contar mortos provoca o pânico social e os efeitos que produz na sociedade não são sequer imagináveis na sua totalidade. Um dos mais óbvios, e que está aí à vista de todos, é o de as pessoas correrem para o hospital aos primeiros sinais de uma gripe, provocando a congestão dos serviços hospitalares e inviabilizando o atendimento a pessoas que verdadeiramente deles necessitam.

Além disso, não existe certeza nenhuma naquela contagem de mortos (cf. aqui). Uma pessoa sofrendo de cancro terminal que tenha morrido infectada por covid é contada como tendo morrido de covid. Por que não de cancro?

Segundo a  jurisprudência do TEDH, a liberdade de expressão e informação fica prejudicada quando se trata de atender a uma "necessidade social imperiosa", como é certamente a de prevenir o pânico na sociedade, ainda por cima com base em informação cujo rigor é mais do que questionável. (cf. aqui, nº 8).

Aquilo que o Governo português está a fazer é  lançar o pânico, o medo e a ruína sobre a generalidade da população portuguesa, para depois aparecer como o salvador - um salvador que, segundo os próprios números que o Governo divulga, não tem salvado nada. Porque, segundo esses mesmos números, a coisa tem vindo a evoluir de mal a pior.

Uma das raras excepções a esta criminalidade institucional, que consiste em andar a contar mortos, é o Brasil, talvez pelo facto de o seu presidente ser militar (cf. aqui).

Qual é o país que já alguma vez ganhou uma guerra a divulgar diariamente o número de baixas?

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