09 janeiro 2021

Chega (VIII)

 (Continuação daqui)


VIII. Um partido de protesto



A imagem que parece emergir, a partir da informação disponível (cf. aqui) é a de que o votante típico do Chega,

i) pertence à classe média-baixa;

ii) habita nos arredores de Lisboa, a norte do Tejo, ou no Alentejo ou Beira interior;

iii) trabalha;

iv) tem educação secundária

v) preza a segurança;

vi) não vive de subsídios do Estado;

vii) é adepto de uma moralidade tradicional.


O Chega tem a imagem de um partido de protesto pelo que cabe perguntar por que é que o votante típico do Chega protesta, e contra o que é que ele protesta.

Recorrendo ainda à informação estatística disponível, mas também à mensagem que é passada pelo líder do partido, fica a ideia de que o votante típico do Chega protesta

a) contra a falta de segurança física, especialmente aquele que vive nos arredores de Lisboa;

b) contra a falta de oportunidades para subir na vida.

Daqui se compreende a importância que tem para ele uma economia privada, que promova o mérito e lhe ofereça oportunidades, e uma economia de baixos impostos, que lhe permita retirar o máximo rendimento do seu trabalho, que é em geral o único "capital" que ele possui na vida.

O votante típico do Chega parece ser o típico português do povo, que vive do seu trabalho e a quem a vida custa a ganhar, e que não tem tempo nem gosto para inovações, especialmente no campo da moralidade.

O Chega não é certamente um partidos de ricos. Mas é certamente o partido daqueles que, tendo nascido pobres, ambicionam sair da pobreza e, no limite, enriquecer, mesmo que modestamente.

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