O Vasco Pulido Valente era o exemplo acabado do funcionário público presunçoso sempre a dizer mal da mão que lhe dava de comer - a dos contribuintes portugueses.
Só se lhe conhecem empregos no sector público à parte o gancho da Católica. Talvez porque, no sector privado, ao segundo dia, seria despedido.
Aquilo que dá importância social decisiva ao intelectual, e torna o intelectual verdadeiramente livre, é a sua desinstitucionalização. O Vasco Pulido Valente nunca fez isso. Criticava o sistema mas não podia passar sem ele.
Da Geração de 70 só o Antero de Quental parece ter sido excepção.
No fundo, era um saudosista da sociedade fechada, aristocrática, retrógrada e pomposa do passado e um adversário da democracia. Para ele, o povo eram os indígenas.
Aquele detalhe de ter rejeitado os apelidos do pai para adoptar os da mãe diz muito acerca do seu pensamento social. Para ele, a relevância social vinha do nome de família, não do trabalho aplicado e do mérito como é próprio de uma sociedade aberta, progressiva e democrática.
Sempre crítico dos políticos da democracia, não recusou ele próprio fazer umas perninhas pela política partidária e até pelo poder. A ultima, como deputado do PSD, durou poucos meses e veio embora queixando-se que o restaurante do Paramento era um cochicho.
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