04 outubro 2019

investigadores de arquivo

Um dos maiores mitos que o Ministério Público tem passado para a opinião pública é o de que os portugueses são uns corruptos e que os magistrados do Ministério Público estão lá para proteger os cidadãos da corrupção.

Só isso explica que, ainda recentemente, quando os camionistas de matérias perigosas - que têm um trabalho de enorme responsabilidade - reclamavam salários de 700 euros ao mês, os magistrados do Ministério Público tivessem 700 euros mas foi de aumento, de tal maneira que podem agora ganhar mais do que o próprio primeiro-ministro.

A ideia de que os magistrados do MP nos protegem da corrupção é, obviamente, uma farsa. E não sou eu que o digo, são eles próprios.  Estes investigadores criminais, quando se trata de casos de corrupção, são, na realidade, investigadores de arquivo - 94% dos inquéritos por corrupção acabam arquivados (cf. aqui).

As coisas correm assim. Um dia acordamos todos de manhã  com a notícia de que o Ministério Público anda a fazer investigações na Câmara de S. Martinho da Maçaneta, e que já foram constituídos arguidos, o presidente, o vice-presidente, o porteiro e seis vereadores, tendo os dois primeiros ficado em prisão preventiva e o porteiro sido fechado em casa com pulseira electrónica.

A vida de toda esta gente fica arruinada para sempre.

Uns tempos depois, silenciosamente, o processo é arquivado por falta de provas e as pessoas atingidas nunca são reabilitadas.

Nem os magistrados do MP são responsabilizados pelas vidas que destruíram.

À excepção, talvez, de algumas grandes sociedades de advogados, não consigo imaginar uma associação criminosa deste calibre. É que nas associações criminosas vulgares, os seus membros estão abaixo da lei e respondem perante a lei. Ao passo que os magistrados do Ministério Público estão acima da lei e não respondem pelos crimes que cometem.

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