19 setembro 2019

o auxílio às prostitutas

Estou agora em condições de contrastar a maneira católica de fazer as coisas com a maneira liberal. Pelo caminho, será aparente a coincidência da maneira católica e da maneira socialista de fazer as coisas, que já tratei anteriormente.

O tema é o auxílio às prostitutas.

A maneira católica está exemplificada pela Associação O Ninho, que é uma associação ligada à Igreja Católica. A Associação é financiada em mais de 90% pelo Estado (cf. aqui). Do dinheiro que recebe do Estado (415 mil euros), cerca de dois terços é para pagar aos seus próprios colaboradores (266), e não para destinar às prostitutas.

Nas contas (cf. aqui), não é explícita a verba consagrada a auxiliar as prostitutas. Aparece diluída na rubrica "Outros gastos" (162). Eu estimo que não irá além de metade (130) daquela que é destinada aos seus próprio colaboradores (266).

E como seria no liberalismo?.

No liberalismo, um homem que considere ser muito importante auxiliar as prostitutas, vai junto de outros homens  e instituições (v.g., empresas) persuadi-los da importância desta causa e pedindo-lhes que contribuam.

Podem formar uma associação - seja A Colmeia - e ele será o primeiro mecenas dela. Não estão excluídas contribuições do Estado, mas a maior parte virá de mecenas privados. O mais provável é que agora a estrutura do financiamento seja ao contrário de O Ninho, 90% privado e 10% público.

E isso faz alguma diferença?

Faz uma diferença radical.  Aquele homem que pôs o seu dinheiro e que foi pedir dinheiro a outros para auxiliar as prostitutas não vai permitir que a maior parte do dinheiro angariado pela associação seja destinado a pagar aos seus empregados. A Colmeia é uma associação destinada a auxiliar prostitutas,  não uma associação destinada a auxiliar empregados.

O Ninho parece ser uma associação muito mais orientada para auxiliar os seus empregados do que para auxiliar prostitutas.

O presidente de A Colmeia vai mesmo impor uma regra de gestão, por exemplo: não serão gastos com pessoal mais de 20% das verbas que são gastas no auxílio às prostitutas.

Já n' O Ninho, esta percentagem ronda os 200%, quer dizer, é gasto com o pessoal cerca do dobro do dinheiro que é gasto com as prostitutas.

A Colmeia tem de se empenhar permanentemente em auxiliar as prostitutas, a fim de persuadir os seus mecenas a renovarem as suas contribuições, que permitem manter a associação.

O Ninho tem é de se empenhar em fazer lobbying político para que o Governo lhe renove os subsídios, dos quais depende a sua sobrevivência. Como o dinheiro dos subsídios não pertence aos governantes, mas aos contribuintes, os políticos estão pouco interessados em saber se esse dinheiro é efectiva e eficazmente utilizado a auxiliar as prostitutas, ou a pagar a empregados.

Em suma, A Colmeia auxilia sobretudo as prostitutas. O Ninho auxilia sobretudo os seus próprios empregados. A Colmeia está focada nos seus mecenas privados. O Ninho está focado nos políticos (cf. aqui). A Colmeia auxilia as prostitutas com dinheiro dos seus próprios mecenas. O Ninho fá-lo com dinheiro dos contribuintes (que nunca foram chamados a pronunciar-se se querem que o seu dinheiro seja destinado a essa causa e a essa organização, ou a outra causa e a outra organização qualquer).

N' O Ninho convergem o catolicismo e o socialismo. Uns fazem caridade, outros praticam solidariedade, ambas intermediadas pelo Estado e com o dinheiro dos outros.


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