11 abril 2019

o anti-liberalismo

Esta semana o juiz Pedro Vaz Patto publicou um artigo de opinião no Observador. A tese do artigo é a proibição da prostituição (cf. aqui).

No Verão passado, o juiz Vaz Patto participou numa manifestação junto do Parlamento pela proibição da eutanásia. Na opinião do juiz Vaz Patto, a Assembleia da República deveria ser mesmo proibida de se pronunciar sobre o assunto (cf. aqui).

Naturalmente, o juiz Vaz Patto também é pela proibição do aborto  e do casamento entre homossexuais.

O juiz Vaz Patto é ainda pela proibição da liberdade de expressão sempre que ela cause ofensa.

Quem procura conhecer o pensamento do juiz Vaz Patto encontra imediatamente esta questão - porquê a atitude anti-liberal ou proibicionista do juiz Vaz Patto a respeito de todas estas matérias?

A resposta encontra-se provavelmente no facto de o juiz Vaz Patto ser um católico fervoroso. Ele é actualmente o presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, que é a porta-voz laica da Igreja Católica em Portugal. A Comissão Nacional Justiça e Paz tem por missão, entre outros objectivos, difundir a Doutrina Social da Igreja (cf. aqui)

Como católico, é natural que o juiz Vaz Patto queira combater os pecados que  vê na prostituição, no aborto, na morte assistida, no casamento gay e até na ofensa, e erradicá-los do mundo.

Ora, segundo a doutrina da Igreja, o pecado é um abuso da liberdade:

"(...) Só no conhecimento do desígnio de Deus sobre o homem é que se compreende que o pecado é um abuso da liberdade que Deus dá às pessoas criadas para que possam amá-Lo e amarem-se mutuamente" (Catecismo: 387)

Para a Igreja, a liberdade é a condição sine qua non do pecado, não há pecado sem liberdade, a liberdade é a condição necessária (embora não suficiente) do pecado. Segue-se que, para acabar com o pecado, é preciso, em primeiro lugar, acabar com a liberdade.

Daí o anti-liberalismo ou proibicionismo do juiz Vaz Patto.

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