Sobre a diferença entre a social-democracia e a Iniciativa Liberal (cf. aqui).
A social-democracia ou socialismo democrático, como todas as variantes do socialismo, centra a governação no Estado. Pelo contrário, o liberalismo centra-a no indivíduo.
E se é um erro focalizar a governação no Estado, que representa a autoridade numa sociedade (é como se, numa família, a governação estivesse focalizada nos pais - que são a autoridade -, e não nos filhos), é também aqui que se torna relevante a utilização das palavras, e a distinção entre indivíduo e pessoa, a que já fiz referência noutra altura (cf. aqui).
O conceito de indivíduo refere-se a alguém desligado da comunidade. Pelo contrário o conceito de pessoa é relacional, e é isso que os seres humanos são - seres relacionais. Ninguém vive isolado dos outros. Todas as pessoas vivem enquadradas em comunidades (família, empresa, grupo de amigos, clube de futebol, nação, etc.) e sem elas as suas vidas não fariam qualquer sentido.
A origem da palavra pessoa, que vem do grego e se refere a personagem de uma peça de teatro, sugere precisamente isso. Já se imaginou um personagem a representar sozinho sem estar enquadrado e em cooperação com os outros personagens da peça? A sua representação não faria sentido nenhum.
É a partir da ideia de pessoa que o liberalismo poderá depois falar do seu enquadramento nas várias comunidades, evitando um erro do liberalismo original - o seu individualismo, a ideia de que um homem pode viver por si próprio e sem os outros. O Prof. Mário Pinto, num artigo do Observador, chama precisamente a atenção da Iniciativa Liberal para isso (cf. aqui, parágrafo 6).
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