Nesta questão dos advogados e dos escritórios de advogados, eu estou com o Dr. Marinho Pinto (cf. aqui).
Um advogado, que é ao mesmo tempo deputado, sofre de um insanável conflito de interesses que viola um dos princípios básicos da democracia - o da separação de poderes.
Enquanto deputado, ele tem um pé no poder legislativo. Enquanto advogado, ele tem outro pé no poder judicial.
Associado a outros deputados e advogados do mesmo partido - designadamente, num grande escritório de advogados -, ele pode vender leis, ele pode vender segredos do processo legislativo, ele pode impor em tribunal a interpretação da lei que mais lhe convém (porque a paternidade da lei lhe pertence a ele e aos seus), ele pode vender a terceiros ameaças e chantagens sobre cidadãos pacíficos no exercício dos seus mais fundamentais direitos e liberdade cívicas.
Ele torna-se um pequeno ditador que corrói a credibilidade da democracia.
Ora, entre um grande ditador, como Salazar, e uma multidão de pequenos ditadores, que são advogados e deputados ao mesmo tempo, eu prefiro o grande ditador.
É mais fácil de abater, mesmo se a multidão de pequenos ditadores, com algum esforço mais, também se abate, demora é bastante mais tempo.
1 comentário:
Partilho consigo a importância de reconhecer a validade de um argumento mesmo quando se discorda de quem o profere noutros contextos.
Estou certo de que muito o separa do dr. Marinho Pinto, que se fez eleger para o Parlamento Europeu supostamente para representar os seus eleitores na Europa e depois mal lá pôs os pés.
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