Uma das maiores descobertas e das mais surpreendentes - daquelas que nos deixam de olhos abertos - que fiz sobre o Joãozinho ocorreu há cerca de um mês, navegando na internet.
Eu conheci o actual presidente do HSJ em Março de 2016, ele tinha tomado posse em Fevereiro. Juntamente com os outros membros da direcção da Associação Joãozinho, fui pedir-lhe que o HSJ cumprisse o protocolo assinado pela anterior administração, liderada pelo Prof. António Ferreira e desimpedisse o espaço a fim de que a obra pudesse prosseguir.
O Dr. Oliveira e Silva tinha vindo do Hospital de Braga. E, presumindo a sua ignorância, eu contei-lhe a história do Joãozinho. Que tinha sido um projecto criado em 2009 pelo Prof. António Ferreira para construir por via mecenática a ala pediátrica do HSJ. Que, em 2014, o Prof. António Ferreira me tinha pedido para dar continuidade ao Projecto e daí tinha nascido a Associação Joãozinho. Etc., etc.
Ele escutou-me com a atenção que é própria de quem está a ouvir coisas que não sabe.
Ao longo dos quase três anos que lidei com ele sempre atribuí, em parte, o seu desinteresse - e, a partir de certa altura, a sua obstrucção deliberada ao Joãozinho - ao facto de ele não ter sido parte do Projecto e o Projecto não lhe dizer nada. E foi assim até ao último dia em que estive com ele.
A minha grande surpresa foi a descoberta, há poucas semanas, de um artigo na internet que revelava que, afinal, ele tinha sido um dos pais do Joãozinho (cf. aqui, p. 8).
Um pai que, agora, queria matar o filho.
Fiquei eu próprio para morrer.
4 comentários:
Pois... mas eu fartei-me de deixar links com este texto por toda a parte.
Ninguém ligava e fartaram-se de me chamar nomes...
Portanto, para resumir, há 10 anos os melros aproveitaram o cinquentenário para montar o esquema. Viram que para a festarola a coisa resultou- portanto, bora aí pôr a render.
E puseram a render, assim:
Don Antonio:
«O que achamos é que a área pediátrica é a mais apelativa, de forma a conseguir envolver a sociedade na construção deste edifício
E continua o Don Antonio
«(AF) – No âmbito desta campanha, estamos a trabalhar em várias frentes. Neste momento, temos firmado um acordo com dois patrocinadores para a construção da ala pediátrica do Hospital de S. João que chega aos quatro milhões de euros. Este financiamento será feito ao longo de quatro anos, pelo que será disponibilizada uma verba ano a ano. É certo que as obras para a construção do novo edifício irão arrancar em Setembro ou em Outubro e está previsto que esteja a funcionar ao fim de um ano.
Por isso, o que vai acontecer – e visto que o projecto custa cerca de 14 milhões de euros – é que o Hospital de S. João vai investindo na obra, para que arranque e avance o mais rapidamente possível, podendo depois incorporar os fundos dos patrocinadores para outras obras estruturantes e importantes para o hospital. »
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O Hospital de S. João vá investindo na obra...
e só depois, do que sobrasse, entravam os fundos dos mecenas...
Ora bem. E nunca foi feita uma vistoria a estes fundos publicamente declarados como angariados?
E os outros que o "hospital ia investindo"? ou seja, nós, o Estado, a pagar o quê?
Os contentores!
À brasuca- cadê o resto?
Isto é mais que instrumentalização para fins corporativos. Como eu disse sempre...
Até tenho um pdf com os links que fui juntando.
Os jornalistas não têm tempo...
6-8-2009:
O presidente do Conselho de Administração do S. João sustentou que “o recurso ao financiamento privado foi opção dos órgãos de gestão e será obtido através de várias fontes”.
Uma dessas fontes, salientou, é a campanha pública “Um Lugar Pró Joãozinho”, que tem como principal rosto o ex-futebolista Vítor Baía.
“Entendemos que faz sentido a área mais apelativa ser um desafio à sociedade civil e usarmos o capital de que o hospital dispõe e o financiamento público para as áreas em relação às quais seria mais difícil envolver a sociedade civil”, acrescentou.
O responsável explicou que o hospital desenvolveu um “plano director de obras” que tem como objectivo “renovar todo o internamento, construir o hospital de ambulatório, construir uma área destinada aos seus funcionários e outra destinada à logística”.
António Ferreira frisou que o “internamento está praticamente todo novo”, faltando apenas intervir em dois serviços.
“Todos os outros estão renovados com quartos individuais, enfermarias de duas e três camas totalmente modernas”, destacou.
A construção do hospital pediátrico, segundo disse, começará “no fim deste ano”, ao passo que “o hospital de ambulatório está em fase de projecto funcional e vai passar rapidamente para os arquitectos, para finalizar o projecto arquitectónico”, prevendo-se que o concurso seja lançado, “provavelmente, no início do próximo ano”.
“Todo o hospital logístico está em construção”, dele fazendo parte uma “central de cogeração, a gás, que vai produzir energia suficiente para as necessidades de todo hospital”, frisou.
10-11-2009:
«Mostrando um bom exemplo de empreendedorismo social, que não precisa do Estado para nada, o Hospital de S. João resolveu celebrar os seus 50 anos, lançando para o futuro um arrojado projecto, a construção de um hospital pediátrico de raiz, com dinheiro unicamente vindo da sociedade civil e empresas.
Já existem os recursos financeiros à primeira fase da obra, que será iniciada em Fevereiro próximo. Existem ainda múltiplas acções em andamento, orientadas para auxiliar as crianças internadas a crescer humana e intelectualmente, dado que o período de internamento é cada vez mais prolongado, por doenças que até aqui eram mortais agora passarem a ser crónicas.
Hoje, a idade pediátrica vai até aos 18 anos, pelo que este projecto terá uma escola de ensino básico e um espaço de ciência viva - para mais informação recomendo a leitura da entrevista do Prof. Caldas Afonso ao Grande Porto.»
Ao fim de tanto tempo a ler o blog, agora não resisto.
Pensarão eles (Governo) que o Pedro Arroja:
a) Quer (continuar a) construir a Ala Pediátrica para colocar à entrada um busto seu?;
b) Pode chegar junto de duas Empresas de Construção - que NÃO SÃO de "vão-de-escada" - e pedir-lhes para desmontar o estaleiro, sem indemnização?;
c) Vai explicar facilmente aos mecenas que já contribuíram e aos que prometeram fazê-lo, toda esta palhaçada, pelo facto de o Governo "ter roído a corda"?;
d) Ainda acredita em quaisquer promessas de, ou acordos com este Governo?
Se calhar pensam. Supostamente o Estado é "pessoa de bem".
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