09 novembro 2018

um acto de coragem

O tema da ala pediátrica do HSJ está na comunicação social há dez dias consecutivos, e não dá sinais de desaparecer.

O que é que surgiu de novo para a opinião pública durante este período?

Algo que estava escondido dela, a saber, que a obra da ala pediátrica do HSJ já existe, está parada há quase três anos, e está pronta a recomeçar.

Foi o Sexta às 9 que deu o primeiro sinal e falou na centralidade de uma instituição praticamente desconhecida do público - a Associação Joãozinho.

Na minha própria interpretação a primeira reação do público foi de perplexidade e de alguma confusão. É que nem mesmo os deputados nas múltiplas intervenções que têm feito no Parlamento sobre o assunto, alguma vez fizeram referência à Associação Joãozinho e à obra parada.

Até que, na passada Quarta-feira, o Presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, depois de uma reunião com a Associação de pais, veio publicamente declarar que a única maneira de ter a ala pediátrica do HSJ rapidamente pronta é através da obra da Associação Joãozinho, e não através dos anúncios feitos pelo Governo e nunca concretizados. Hoje, através do JN, saiu mais um anúncio vindo da administração do HSJ - será em Junho (cf. aqui).

O próprio Presidente da Câmara levantou ainda a mais difícil de todas as questões, que já tinha colocado anteriormente por carta à Ministra da Saúde: por que é que a obra foi parada?

Esta é uma questão muito difícil de responder. Por isso, quem ouvir com atenção as declarações da Ministra na passada Terça-feira na AR, vai verificar que ela se demarca completamente do problema da ala pediátrica do HSJ, não se compromete com nada, e remete tudo para a administração do HSJ, que age agora sozinha e sem cobertura da tutela, como ressalta bem claro da notícia do JN de hoje.

A mensagem é clara: se alguma coisa de errado foi feito (parar a obra), isso é da responsabilidade da administração do HSJ, e não do Ministério da Saúde. Começou a fase de alijar responsabilidades pela paragem da obra.

O Presidente Rui Moreira teve um acto de grande coragem na passada Quarta-feira. O assunto da ala pediátrica do HSJ está de forma recorrente na comunicação social desde Abril. Ele foi o primeiro político, entre todos os políticos do país, que ousou mencionar publicamente a Associação Joãozinho. E, mais ainda,  cometer o pecado capital - declarar-se favorável à sua obra (que é uma iniciativa cívica admirável nascida na sua própria cidade).

Não vai ter a vida fácil. A CDU já desencadeou as hostilidades (cf. aqui). Mas, para as crianças internadas no HSJ, a solução que ele recomenda é, de facto, a melhor solução. E já vem tarde, porque a ala pediátrica já hoje poderia estar concluída.

1 comentário:

dfrodrig disse...

Faço votos para que não voltem a passar pelos pingos da chuva. É crucial que o Presidente da Câmara do Porto esteja a tomar uma posição de força, mas é preciso que mais figuras da cidade venham a público manter a pressão.