22 novembro 2018

um processo político

(Tema: Terrorismo Judicial - O Caso do Guardião do Tejo)



A indemnização de 250 mil euros reclamada pela Cuatrecasas ao Arlindo Marques, em nome do seu cliente Celtejo, cria um risco financeiro considerável na vida dele para os próximos anos, e é parte do terrorismo em que o processo judicial consiste.

Mas o valor da indemnização não é o objectivo principal da Cuatrecasas. O objectivo principal é uma condenação de primeira instância no Tribunal de Santarém, ainda que envolvendo um indemnização simbólica de cinco euros à Celtejo, de modo que no dia seguinte apareça nos jornais a notícia:

"Arlindo Marques condenado no processo Celtejo".

Esta notícia faz passar a mensagem do Arlindo Marques como um irresponsável que um dia se lembrou de apontar levianamente o dedo às empresas de celulose pela poluição do rio. Faz também passar a mensagem de que a Celtejo cumpre as regras ambientais. Mas faz passar ainda uma outra mensagem - a de que as entidades oficiais zelam competentemente pela defesa do Tejo. Esta é a dimensão política do processo.

Enquanto o Arlindo Marques se vai tornando uma espécie de  herói popular, ao ponto de ontem lhe ter sido atribuído o Prémio Nacional do Ambiente por uma organização privada de defesa do Ambiente, ele é, ao mesmo tempo, perseguido nos canais oficiais da Justiça.

É que a acção espontânea do Arlindo Marques em defesa do Tejo não faz parecer mal apenas as empresas de celulose. Faz parecer mal também o exército de políticos e funcionários públicos que no Ministério do Ambiente em Lisboa, ou nos departamentos do Ambiente das Câmaras Municipais, são pagos para fazer aquilo que o Arlindo Marques fez - prevenir a poluição do Tejo.

O Arlindo Marques não tem apenas a Celtejo contra ele no Tribunal de Santarém. Tem também os governantes e a administração pública que, por incúria, não fizeram aquilo que ele faz. O Arlindo Marques tem contra ele aquilo a que se convencionou chamar o sistema, uma poderosa confluência de interesses económicos e políticos que se conluiam para a sua condenação.

Não surpreende por isso que entre as testemunhas que vão depor contra o Arlindo Marques  no Tribunal de Santarém esteja o Presidente da Câmara Municipal de Vila Velha de Rodão, Luís Miguel Ferro Pereira, e o Presidente da Assembleia Municipal, António Tavares Mendes.

A mensagem que vão passar ao Tribunal é previsível. "Ao contrário do que diz o Arlindo Marques, o Tejo não pode estar poluído porque a Câmara Municipal e o Governo fazem cumprir rigorosamente toda a legislação ambiental".

Não é mera coincidência que o Presidente da Câmara Municipal de Vila Velha de Rodão e o Presidente da sua Assembleia Municipal pertençam ambos ao Partido do Governo. Eles estão lá para se certificarem que nenhum político nem nenhum administrador público possa ser responsabilizado pela poluição do Tejo. É o Arlindo Marques que vê bruxas onde elas não existem.

Entre as testemunhas contra o Arlindo Marques, está representado o PS. A sociedade de advogados Cuatrecasas-Porto está conotada com o PSD. É a coligação PS-PSD, que há quase quarenta anos governa Portugal. Como é possível que alguma coisa esteja mal no país?

Não é. O Arlindo Marques deve estar louco e precisa ser condenado.

O Arlindo Marques está a ser alvo de um processo político que visa arruiná-lo cívica, psicológica e financeiramente, já que o processo não tem nada de justiça. Este processo judicial não é o único. Ele tem outros (cf. aqui), e todos apontam na mesma direção. Acabar com o Arlindo Marques.

1 comentário:

José Dias disse...

A sociedade de advogados Cuatrecasas-Porto está conotada não só com o PSD como o PS. Do lado do PSD temos o Paulo Rangel. Do lado do PS, Antonio Vitorino. O ciclo político não afecta a Cuatrecasa.


https://www.cuatrecasas.com//es/abogado/antonio_vitorino.html