As salas de audiência estão vazias. Não há ninguém a assistir aos julgamentos.
O Tribunal de Matosinhos é um edifício novo. Logo à entrada, do lado esquerdo, fica a secção do crime onde fui julgado. São quatro ou cinco salas de audiência umas a seguir às outras.
Já lá estive sete vezes. Antes da chamada, vêem-se os advogados, os réus, os chamados "assistentes" (trata-se do acusador privado: se me roubarem a carteira eu sou chamado "assistente" do acusador público, que é o MP), mais ninguém.
Povo a assistir aos julgamentos é que não há.
O nosso sistema de justiça dito democrático, e feito em nome do povo, conseguiu a notável proeza de pôr o povo fora das salas dos tribunais.
E o povo seria lá necessário?
Muito.
Não há justiça sem povo, embora não deva ser o povo a fazer justiça.
E a quem é que a presença do povo mais poderia ajudar?
Ao juiz.
1 comentário:
Mas o MP não quer interferência do Povo.
Por essa razão, dão a importância que dão ao "segredo de justiça".
Rui Silva
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