O intelectual é uma figura do protestantismo e a figura mais corrosiva da cultura católica tradicional..
Portugal e a Espanha, que dominavam o mundo em finais do século XV, perderam progressivamente importância, ao ponto de se reduzirem quase à insignificância, porque a ofensiva protestantes tinha consigo os intelectuais. A derrota do catolicismo na batalha das ideias foi total.
O intelectual olha a vida sob o prisma da razão, ao passo que o catolicismo tradicional olha-a como matéria do coração. Penso num Voltaire. Ele foi demolidor para a nossa cultura e para os países da nossa cultura. E do lado de cá não havia ninguém que se lhe opusesse. Não havia intelectuais.
E não é de estranhar porque o alvo da Inquisição eram precisamente os intelectuais.
É claro que, sendo o catolicismo uma cultura universal, ele imita tudo aquilo que há no mundo, e na cultura católica os intelectuais lá se vão impondo e, nalguns casos, são eles agora que desafiam a Inquisição.
O intelectual é uma figura extremamente corrosiva e demolidora da cultura católica tradicional, mas a sua emergência é um sinal de que a cultura católica se está a adaptar aos tempos modernos. Na minha opinião, o maior intelectual católico do último século é o Papa Emérito Bento XVI - não surpreendentemente o Papa menos popular das últimas décadas.
Para ilustrar como ele pode ser uma figura corrosiva da cultura tradicional, imagine um intelectual a ver desfilar em tribunal um grande número de testemunhas, a maior parte advogados, com o seu estatuto de agentes da justiça, a sua corporação, com os seus tiques e salamaleques corporativos, o seu estatuto de profissão maioritária no Parlamento, que lhes confere a importância e os privilégios de serem os guardadores por excelência do Estado de Direito Democrático.
E depois de os observar horas a fio e os ouvir, e de submeter tudo aquilo a escrutínio racional, levanta-se, sorri e declara candidamente ao mundo, para que todos o possam ouvir:
"Eles são ...
a) ... pessoas muito sérias".
b) ... muito simpáticos".
c) ... os grandes promotores do bem-comum".
d) ... os guardadores do Estado de Direito Democrático".
e) ... uns impostores".
É uma bomba. Até o chão estremece. Certamente na sede da corporação e talvez também no Parlamento.
(Publicarei a primeira resposta acertada)
3 comentários:
É a e) !
e) ... uns impostores.
Claro que qualquer semelhança destas personagens com pessoas reais é mera coincidência.
En España no es así...
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