Faz hoje precisamente duas semanas que rebentou o escândalo sobre a ala pediátrica do Hospital de S. João do Porto. O escândalo teve origem num trabalho jornalístico do JN e rapidamente se propagou a todos os órgãos de comunicação social (cf. aqui).
Aquilo que era até aqui um assunto regional tornou-se um assunto nacional.
Como já notei noutro lugar, no primeiro dia em que o escândalo chegou ao público, apenas um órgão de comunicação social referiu a Associação Joãozinho. Foi precisamente o JN no seu artigo original e numa pequena caixa.
Um progresso considerável é que, passadas duas semanas, não há artigo de jornal ou notícia de TV que, referindo-se ao assunto, não mencione a Associação Joãozinho, a qual também já foi mencionada no Parlamento.
Os partidos políticos fazem agora romaria ao HSJ, uma romaria que se iniciou há duas semanas com o CDS/PP, prosseguindo a semana passada com o PSD e ontem foi a vez do PCP. Levou-lhes dez anos a descobrir a maneira como são tratadas as crianças internadas no HSJ do Porto.
Na visita efectuada ontem, segundo a Lusa, o deputado do PCP
Jorge Machado acrescentou que o processo de mecenato relacionado com a obra da ala pediátrica "falhou redondamente" e que "tem dúvidas da sua capacidade" referindo que a Associação Joãozinho angariou "um milhão de euros".
Fica-se sem perceber se "falhou redondamente" ou se "tem dúvidas da sua capacidade". É que a bota não joga com a perdigota.
Logo a seguir:
"O que nos foi dito é que angariaram, no máximo, cerca de um milhão de euros, sendo que metade desse valor eram verbas recolhidas pelo próprio Hospital de S. João que canalizou para essa Associação esses montantes. Fica demonstrada a incapacidade absoluta de angariar verbas para a construção do hospital e tornou-se evidente a necessidade imperiosa de haver financiamento público", concluiu. (cf. aqui)
"O que nos foi dito... Fica demonstrada a incapacidade absoluta...". Portanto, a incapacidade absoluta fica demonstrada pelo que lhes foi dito (a quem e por quem, não se sabe ao certo).
É o que dá emprenhar pelo ouvido.
Agora, se o PCP, com o seu vasto património imobiliário, contribuir com um milhão de euros para a obra do Joãozinho, o deputado Jorge Machado já poderá certamente passar a dizer "O que nos foi dito é que angariaram, no máximo, cerca de dois milhões de euros..."
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