II. O Clímax
Os dois principais réus deste processo judicial já se revelaram. São o Dr. João Oliveira e o Dr. Avides Moreira. Num segundo plano, porque lhes deram cobertura, estão os seus respectivos chefes na altura, o Professor António Ferreira e o Dr. Paulo Rangel - uma cobertura que, a espaços, foi relutante no primeiro caso, nem por isso no segundo.
Todos fazem parte do rol de testemunhas de acusação.
Por isso, até há poucos dias eu julgava que o ponto alto do julgamento tinha ocorrido com o depoimento do Dr. João Oliveira, especialmente no interrogatório a que foi submetido pela advogada de defesa.
Estava enganado. O ponto alto do julgamento está a ocorrer agora com o depoimento do Dr. Avides Moreira e atingirá o clímax quando ele fôr interrogado pela advogada de defesa no próximo dia 4 de Maio da parte da manhã.
De todas as testemunhas que já depuseram, a de melhor qualidade humana, a uma boa distância de todas as outras, é o Professor António Ferreira. Por isso, custou-me vê-lo a tremer quando estava a ser interrogado. No banco dos réus, a dois metros de distância dele, atrás, pensei: "Se te tivesses aguentado, a esta hora estávamos os dois a terminar a obra do Joãozinho".
No dia seguinte, exteriorizei perante pessoas próximas que tinha vontade de falar ao Professor António Ferreira para lhe perguntar se queria reconsiderar, agora que estava livre das pressões da "máquina" do HSJ, e juntar-se outra vez a nós - Associação Joãozinho - para continuarmos em conjunto esta obra. Mas fui parado, sob o argumento de que isso poderia ser entendido como uma cedência perante a Acusação.
Não surpreende, por isso, que o Professor António Ferreira seja a testemunha de acusação que eu mais tenho poupado, neste blogue e em outros lugares.
Foi um e-mail que recebi no Sábado de um amigo, com quem já não contactava há meses, que me fez ter este remoque de consciência. E não apenas este. O e-mail dizia assim:
Caro Professor Pedro Arroja
(...)
Estou a pedir a Deus que lhe dê muita sabedoria, paciência, firmeza e bondade (ingredientes difíceis de misturar mas, no fundo, harmonizáveis).
Sigo o seu blogue, com muita admiração e bastante ansiedade.
É uma espécie de Thriller em directo.
Imagino que esteja a ser muito duro para si, para a [nome da minha mulher], e para a Família e amigos.
Está a fazer uma luta difícil, mas que não é só por si, é também, e muito, pela saúde da sociedade. E eu, como parte da sociedade, estou-lhe muito grato.
O e-mail era muito inspirador como são normalmente as palavras deste meu amigo. Mas a palavra que mais me incomodou foi a palavra "bondade".
Estaria eu a ser injusto ou a querer mal às pessoas que me acusam e, em particular, ao Avides Moreira, que é quem está agora na mira?
Creio que não. Eu olho para tudo isto como mais um obstáculo que eu tenho de vencer para fazer a obra do Joãozinho. E olho para ele como um puto que resolveu meter-se com um homem que tem idade para ser pai dele. Vai ter de apanhar umas "nalgadas" mas, à parte isso, não lhe quero mal nenhum.
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