Os 22 milhões.
Este é o dinheiro que o Ministro da Saúde prometeu ao presidente do HSJ para este construir a nova ala pediátrica do Hospital, substituindo-se à Associação Joãozinho.
A promessa tem dois anos e o presidente do HSJ acreditou. Por isso, nessa altura, boicotou alegremente a obra realizada pela Associação Joãozinho e ficou à espera do cumprimento da promessa do Ministro.
Quando esta semana veio a público a situação escandalosa em que são recebidas e internadas as crianças no HSJ, o presidente do HSJ apontou o dedo ao Ministro da Saúde e este, acto contínuo, apontou o seu próprio dedo ao Ministro das Finanças.
"Somos todos Centeno" foi este o slogan que o Ministro da Saúde utilizou para grelhar o seu colega das Finanças perante a opinião pública e o Parlamento.
O Ministro das Finanças não gostou. Esta semana, depois da audição parlamentar, tendo-lhe sido perguntado quando é que o dinheiro para a nova ala pediátrica chegaria ao Porto, ele remeteu para um estudo que corre dentro do Ministério da Saúde sobre cinco projectos na área da saúde, incluindo esse (cf. aqui).
Em conclusão. Enquanto o estudo que o Ministério da Saúde está a fazer sobre a ala pediátrica do HSJ não estiver finalizado, não haverá dinheiro nenhum. "Somos todos Adalberto", foi assim que o Ministro das Finanças devolveu a cortesia ao seu colega da Saúde.
E os 22 milhões?
Os 22 milhões começaram por chegar há três semanas atrás ao HSJ, anunciados pelo Secretário de Estado da Saúde Fernando Araújo. Só faltava a autorização.
Na realidade, recuando um pouco, os 22 milhões já tinham chegado ao HSJ um ano antes, mas nessa altura, um milhão perdeu-se pelo caminho, e acabaram por chegar apenas 21 milhões.
Esta semana é que os 22 milhões finalmente chegaram. Chegaram na Quarta-feira. O Inimigo Público foi verificar na Sexta e eles já lá não estavam. Não podia ser, protestou o BE, que tinha entregue no Parlamento um projecto de resolução sobre os 22 milhões na Terça-feira.
E como se isso não bastasse, Sexta-feira à tarde o dinheiro continuava a jorrar sobre o HSJ, desta vez 15 milhões, não para a ala pediátrica, mas para suprir outras carências do Hospital. Não há fome que não dê em fartura.
Nestas coisas do dinheiro as mulheres são muito desconfiadas, Por isso, esta semana, uma delegação do CDS/PP chefiada pela deputada Cecília Meireles veio ao HSJ certificar-se que os 22 milhões existiam.
Como ela desconfiava, não estavam lá exactamente os 22 milhões, cêntimo por cêntimo, mas o valor era próximo. Já nem faltava a autorização sequer. Aquilo que faltava era apenas uma assinatura na autorização. Tinha sido um enorme progresso em três semanas desde que o Secretário de Estado Fernando Araújo mandara os 22 milhões sem autorização nenhuma.
E na próxima semana, o PSD, com o seu novo presidente à cabeça, vem ao HSJ com o mesmo propósito, certificar-se que os 22 milhões existem. E, aparentemente, com a exigência de S. Tomé - a de querer ver os 22 milhões nas contas bancárias do HSJ.
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