Quando, no início de 2016, a obra do Joãozinho foi bloqueada, o presidente do HSJ e o Ministro da Saúde, sempre que vinha ao Porto, anunciavam publicamente que a construção da ala pediátrica do HSJ seria financiada por dinheiros públicos.
Foi este o discurso público oficial durante os últimos dois anos. A Associação Joãozinho e a obra que começou eram ignorados como se não existissem, enquanto o presidente do HSJ e o Ministro anunciavam repetidamente que a obra seria paga pelo Estado. E esta situação continuaria até à eternidade se não fosse o escândalo que entretanto rebentou sobre a situação das crianças internadas no HSJ.
O escândalo apanhou o Ministro da Saúde e o presidente do HSJ literalmente de calças na mão. O Ministro da Saúde desde há dois anos que prometia ao presidente do HSJ dinheiro público para a obra. "Esquecera-se" fôra de falar ao Ministro das Finanças, e que este aprovasse, a inscrição da obra no Orçamento do Estado.
Perante o escândalo e a urgência, o presidente do HSJ ficou a olhar para o Ministro "Então, o dinheiro...!?", e o Ministro, para salvar a pele, apontou o dedo ao Ministro das Finanças que, provavelmente, nunca tinha ouvido falar da ala pediátrica do HSJ, nem tinha qualquer verba para o efeito inscrita no Orçamento.
Maior safadeza era difícil de imaginar. Se a obra não se fazia, e as crianças eram mantidas naquelas condições "miseráveis", a culpa não era nem do Ministro da Saúde nem do presidente do HSJ, mas do Ministro das Finanças que não libertava o dinheiro (que não está nem nunca esteve previsto no OE). O Ministro das Finanças, apanhado de surpresa, carregaria o odioso da situação perante a opinião pública.
Dois factos tornaram-se públicos esta semana e são relatados, respectivamente, nos artigos do Expresso e da Lusa mencionados em baixo.
No artigo do Expresso é revelado que eu fui recebido esta semana no Ministério das Finanças onde durante mais de três horas estive a explicar o Projecto Joãozinho, a dizer que a obra está começada e foi bloqueada pelo presidente do HSJ em conjunção com o Ministro da Saúde, e que está pronta a recomeçar a todo o momento. E que é de graça para o Estado.
No artigo da Lusa é revelado que o Ministro da Saúde é perfeito conhecedor do bloqueio à obra do Joãozinho e é conivente com esse bloqueio.
E há outro facto que está na iminência de vir a público: como é que se explica que o Serviço de Sangue do HSJ - que está, desde há dois anos, a bloquear a obra do Joãozinho - tenha como director precisamente o Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo (cf. aqui)?
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