Eu costumo definir o "Portugal Contemporâneo" como o blogue que toda a gente lê mas que ninguém admite ter lido (embora o "toda a gente" seja um manifesto exagero).
O presidente do Conselho de Administração do HSJ, Dr. António Oliveira e Silva, é uma excepção porque já me admitiu, por mais de uma vez, que o lê.
E é a esta luz que eu gostaria de comentar as declarações que ele ontem plantou na reportagem sobre a pediatria do HSJ da RTP, no mesmo dia em que ex-administradores do HSJ eram chamados ao Tribunal de Matosinhos para testemunhar sobre o Joãozinho, tendo saído de lá bastante combalidos.
O ex-presidente António Ferreira testemunhou na sessão anterior (23 de Fevereiro). O ex-número dois do HSJ, João Oliveira, começou a testemunhar na sessão anterior e concluiu ontem. Ontem testemunhou também o ex-administrador Amaro Ferreira. Dos três, o que mais contribuiu para boicotar a obra do Joãozinho (em conluio com a Cuatrecasas) foi o segundo e foi também aquele que ontem saiu do tribunal mais dorido. KO técnico perpetrado por uma mulher.
Eu apenas depus na primeira sessão e tenho sido desde então mero espectador.
Desde a segunda sessão do julgamento que me apercebi que o tribunal, para além de se concentrar nos factos que rodearam o meu comentário televisivo, se mostrava interessado em conhecer outros pormenores da obra do Joãozinho. E assim voltou a acontecer ontem.
E foi então que fiz o seguinte raciocínio: "Se isto continua assim, o tribunal vai ficar a conhecer na totalidade a obra do Joãozinho e vai chegar à verdade toda, e que é a seguinte: o episódio do comentário televisivo e do documento que me foi imposto para assinar é apenas um dos vários episódios em que a administração do HSJ (naquele episódio concreto em conluio com a Cuatrecasas), a partir de certa altura procurou boicotar a obra do Joãozinho".
Se assim fôr - continuei o meu raciocínio -, é provável que saiam arguidos deste julgamento os três ex-administradores do HSJ e ainda alguns advogados da Cuatrecasas. E, em seguida, fui mais longe. A ser assim, a actual administração do HSJ, vendo o que lhe pode acontecer, vai imediatamente desimpedir o espaço, e a obra vai poder prosseguir.
Ora, aquilo que disse o presidente do HSJ ontem na RTP, para além de "matar" o Joãozinho, tem o seguinte significado. Primeiro, é ele a defender-se já contra uma possível acusação. Se amanhã o acusarem de boicotar a obra do Joãozinho, não tendo desimpedido o espaço a que estava obrigado pela cláusula 1ª do Protocolo assinado com a Associação, ele vai dizer que não o fez porque o Governo lhe prometeu dar o dinheiro para fazer a obra com fundos públicos.
Como, desde que tomou posse (há dois anos), anda constantemente a dizer que o Governo lhe fez esta promessa, sem que o dinheiro alguma vez apareça (porque não existe), ele surge também na reportagem a dar um xeque-mate ao Governo: "Não aguento mais isto. Ou me dão já o dinheiro, ou então vou-me embora".
Julgo que acabará por se ir embora.
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