Deve agora parecer claro que este case study, com esta armada de testemunhas por parte da Acusação, sob a aparência de ser um processo por difamação, é, na realidade, um julgamento político. E um julgamento político que me visa a mim, Presidente da Associação Joãozinho e a própria Associação Joãozinho.
E porquê?
Penso que por três princípios que, desde o início, governaram a Associação e que já tive oportunidade de declarar perante o Tribunal:
1. A Associação Joãozinho não aceita políticos nos seus órgãos sociais.
2. A Associação Joãozinho não aceita dinheiros do Estado.
3. Nenhum membro dos órgãos sociais da Associação Joãozinho é pago pelo seu trabalho (Direcção, Conselho Fiscal, Mesa da Assembleia Geral).
Perguntar-se-á, mas existe da parte da Associação Joãozinho e do seu Presidente alguma animosidade contra os políticos e contra o Estado?
Nenhuma, os políticos são portugueses como os outros. É uma questão de factualidade e de racionalidade. Se o Estado tivesse dinheiro para fazer a obra, e se os políticos - que comandam o Estado - a quisessem ou conseguissem fazer, há muito que a teriam feito (as crianças estão há dez anos internadas em contentores metálicos).
Questão diferente é a de saber por que é que é o PSD que lidera as hostilidades contra a Associação Joãozinho e o seu Presidente.
É simples. Os dois partidos que há quase 40 anos se alternam no poder - PSD e PS - agem no mercado político como um duopólio. Uma das estratégias dos duopólios é a chamada colusão em que os dois concorrentes estabelecem um acordo (explícito ou implícito) de repartição do mercado, evitando assim entrar em guerras pela sua conquista.
Ora, nos dois mais simbólicos hospitais do Porto - o Hospital de S. João e o Hospital de S. António - há muito que o território está repartido. O S. João é do PSD e o S. António é do PS.
Talvez se compreenda agora por que é que o confronto é de vida ou de morte. Se o exemplo da Associação Joãozinho pega, para que é que são precisos os políticos e para que é que pagamos impostos ao Estado, se a sociedade civil, organizando-se, consegue fazer hospitais e sabe-se lá que mais?
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