Não aceito que o presidente do Hospital de S. João, desde que tomou posse (Fevereiro 2016), tenha passado todo este tempo (20 meses) a obstruir uma obra de mecenas, em prejuízo das crianças internadas no seu próprio Hospital, e que ao fim deste tempo todo tenha de vir de Lisboa o Ministro da Saúde dar-lhe ordens para ele cumprir aquilo a que o seu Hospital está vinculado em documento assinado - desimpedir o espaço para que a obra do Joãozinho possa prosseguir.
Este homem tem de se demitir. Ou então tem de haver alguém que o demita.
Esta é uma história de arrepiar, em que as principais vítimas são as crianças internadas no HSJ, e cujos contornos eu próprio só vou descobrindo com o desenrolar do tempo.
2 de Novembro de 2015. É iniciada a obra com o HSJ a desocupar velhas construções existentes no local e a construtora a avançar com os trabalhos de demolição. Neste dia é também assinado um protocolo mediante o qual o HSJ cede à Associação Joãozinho por três anos (renovável) o espaço da obra, destinado à construção da nova ala pediátrica.
11 de Dezembro de 2015. A Associação Joãozinho, que é o Dono da Obra, recebe a informação da construtora de que o HSJ parou os trabalhos de desimpedimento do espaço. O Serviço de Sangue, instalado numa construção térrea no perímetro da obra (e destinada a ser demolida) continua por desocupar. A manter-se a situação - avisa a construtora - os trabalhos irão parar dentro de pouco tempo.
Neste momento o novo Governo do Primeiro-Ministro António Costa tinha entrado em funções há duas semanas e no HSJ continua em exercício a administração do Professor António Ferreira. Fico na dúvida se foi a administração do Hospital ou o novo Ministério da Saúde que deu a ordem para parar o desimpedimento do espaço e boicotar a obra. Inclino-me para a segunda alternativa (que viria a provar errada)
Fevereiro de 2015. Entra em funções a nova administração do HSJ, presidida pelo Dr. António Oliveira e Silva, médico da mesma especialidade (medicina interna) do Professor António Ferreira e seu amigo pessoal.
Março de 2016 A construtora informa, por carta, a Associação Joãozinho de que se viu forçada a parar os trabalhos por falta de frente-de-obra (O Serviço de Sangue continua por desocupar).
Actuo repetidamente junto do novo presidente do HSJ para que cumpra o protocolo assinado e desimpeça o espaço a fim de que a obra possa continuar. Sem resultado. Actuo também junto da tutela - Ministério da Saúde -, na pessoa do Secretário de Estado Manuel Delgado (e do seu chefe de gabinete, Dr. Poole da Costa), para que pressione a administração do HSJ a cumprir o protocolo que assinou e a desimpedir o espaço. Nenhum resultado. Durante todo este período, continuo inclinado a pensar que foi o Ministério da Saúde que deu ordem para paralisar a obra.
27 de Setembro de 2017. Num almoço de trabalho com o Ministro da Saúde pergunto-lhe directamente se foi ele ou alguém do Ministério que deu ordem ao HSJ para parar os trabalhos de desimpedimento do espaço e inviabilizar a obra. A resposta foi espontânea e genuína: "Não". A tal ponto que, perante os presentes, o Ministro da Saúde dá instruções ao presidente do HSJ para desimpedir o espaço (Por outras palavras: "Cumpra aquilo que o seu Hospital assinou"). Só nesse dia eu pude chegar à verdade da situação.
Conclusão: É a administração do HSJ - e não o Ministério da Saúde - que desde há quase dois anos anda a inviabilizar a obra - uma obra que ela própria pediu à Associação Joãozinho para realizar e para a qual prometeu colaboração. Na realidade, tem sido o seu maior impedimento.(Sem este impedimento, por esta altura, e de acordo com o plano original, a obra estaria a entrar na sua fase final. Assim, está ainda quase tudo por fazer, à excepção dos primeiros trabalhos de demolição). (*)
Só vejo uma pessoa em exercício e responsabilizável por tudo isto: o actual presidente do HSJ, já que ao anterior é difícil ir agora pedir responsabilidades.
(*) Vou agora ter de corrigir algumas injustiças de julgamento que cometi no meu livro Joãozinho em relação ao Secretário de Estado Manuel Delgado e ao seu chefe de gabinete, Dr. Poole da Costa. Eles terão feito aquilo que lhes pedi mas não foram atendidos.
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