10 setembro 2017

sarna

Agora que eram os responsáveis do Ministério da Saúde que me procuravam, e não eu a eles, a última coisa que eu queria era ser injusto, e tratá-los como eles me haviam tratado a mim.

Resolvi, então, ir consultar individualmente três pessoas, insiders do HSJ, que eram amigas desta obra e também do HSJ, e cujo julgamento eu respeitava. O meu propósito era dar-lhes a conhecer o resultado das minhas conversações com o presidente do Hospital e com o Secretário de Estado Fernando Araújo, e saber a sua reacção às condições que eu estabelecera.

Refiro-me ao professor Agostinho Marques, director do serviço de pneumologia, ex-director da Faculdade de Medicina, e presidente da Assembleia Geral da Associação Joãozinho; ao professor Nuno Montenegro, director do serviço de obstetrícia; e à professora Amélia Ferreira, directora da Faculdade de Medicina. Todos conheciam bem o Secretário de Estado Fernando Araújo que, além de médico do HSJ, era também seu colega na Faculdade de Medicina.

Todos, um a um e de maneira independente, consideraram as minhas condições absolutamente razoáveis. Claro que a Associação não podia abandonar tudo o que tinha feito sem condições, e que havia compromissos que tinham de ser respeitados.

E foi o professor Nuno Montenegro, que além de me receber individualmente, esteve também depois na minha reunião com a professora Amélia Ferreira, que acabou por concluir o óbvio: "Isto só se resolve numa reunião entre si e o Ministro da Saúde".

Era tão óbvio, e já devia ter sido tão óbvio há tanto tempo, que até doía pensar como todos tínhamos perdido quase dois anos sem qualquer avanço numa obra que todos desejávamos que fosse feita - e a perda maior tinha sido para as crianças internadas no HSJ.

Lembrei-me então daquele dia, meses atrás, em que eu propusera ao Dr. Oliveira e Silva que, se o Governo tinha dinheiro para fazer a obra, então que a fizesse em cooperação com a Associação, e em que ele reagiu prontamente com um abanar negativo da cabeça.

Mais tarde, ao reflectir sobre o significado daquele gesto tão espontâneo, pensei: "Não sei porquê...fazem tantas parcerias público-privadas na Saúde... nem eu nem a Associação Joãozinho temos alguma doença contagiosa...". Foi então que me dei conta que, talvez não tanto para o Partido que está no poder, mas certamente para aqueles que o apoiam, eu era um homem com sarna.

No princípio de Agosto, recebi um e-mail do Dr. Oliveira e Silva a dizer-me que o Ministro da Saúde aceitava encontrar-se comigo, pedindo, no entanto a presença dele e do presidente da ARS-Norte na reunião. Dispus-me imediatamente. Disse-me que, em virtude de nos encontrarmos em período de férias, o próprio Ministro convocaria a reunião em Setembro.

Fiquei na expectativa.

Da parte da Associação Joãozinho, o seu Projecto inicial, com o Continente ou sem o Continente, continua de pé e firme que nem uma rocha. Pronto a avançar a todo o momento.

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