Por essa altura, para além da indústria farmacêutica, eu já tinha definido mais dois alvos para os meus esforços de angariação de mecenas - as fundações e outras instituições de solidariedade social, e as empresas industriais do norte do país, e era destas que me ocupava nos dias em que permanecia no Porto.
Para além da Fundação Manuel António da Mota que deu o primeiro impulso ao meu trabalho, a Gulbenkian foi a seguinte. O Dr. Artur Santos Silva, presidente da Fundação, era um homem do Porto e conhecia muito bem o Joãozinho. Recebeu-me na sede do BPI no Porto, de que era então presidente honorário.
Estar a falar com o presidente da Gulbenkian, ainda por cima na pessoa do Dr. Santos Silva, que eu conhecia há muito e por quem tinha grande admiração como banqueiro, era uma duplo prazer - triplo, por estar a falar de uma obra que produzia em mim um profundo entusiasmo.
Eu devia grande parte daquilo que sou à Gulbenkian. Era altura de lhe pedir mais uma contribuição, Não vale a pena, nem seria curial, estar aqui a descrever os detalhes de cada reunião. Não havia ninguém que dissesse que não a uma obra destas e, dada a sua dimensão, era quase obrigatório a Gulbenkian estar presente. Nas notas que depois escrevi, a última linha resume tudo: "É praticamente certo que a Gulbenkian vai contribuir". Avaliação global da reunião: "Muito boa".
Seguiu-se a Fundação Champalimaud, a Santa Casa da Misericórdia do Porto, a Fundação Axa e, mais tarde, a Fundação Millenium-BCP, entre outras, como a Fundação Vítor Baía que desde o início acompanhava o Joãozinho.
O Presidente da Fundação Millenium-BCP era o Dr. Fernando Nogueira, também um antigo ministro do Professor Cavaco Silva por quem eu nutria muita estima. Há anos que não o via, mas tinha-o encontrado recentemente no Hospital de S. João, na inauguração da Casa Ronald McDonald, que a Fundação patrocinava.
Tempos depois recebeu-me na sede da Fundação, na Rua do Ouro, em Lisboa. Foi uma oportunidade para pormos a conversa em dia. O Dr. Fernando Nogueira foi o homem que mais perto me levou da política partidária. Olhando para trás, foi a única altura em que verdadeiramente estive sobre o risco vermelho.
O Professor Cavaco Silva tinha abandonado a direcção do PSD e tinha sido substituído pelo Dr. Fernando Nogueira, que disputava as próximas eleições com o Eng. António Guterres. Um dia telefonou-me a convidar-me para almoçar num hotel da Lapa. Queria que eu me juntasse a ele na campanha. Fiquei com a nítida sensação que, se ganhasse, eu seria o próximo ministro das Finanças.
Pedi-lhe uns dias para responder. Respondi que não. Eu não conseguia ver-me envolvido na vida partidária. Não duraria três meses no cargo. Ele próprio, meses depois, abandonaria a vida política e partidária para não mais voltar.
Quanto ao Projecto Joãozinho, claro que a Fundação Millenium-BCP iria contribuir, mas não já este ano (2014) por que o orçamento estava totalmente alocado. Iria incluir uma verba no orçamento para 2015. Disse-lhe que também não precisava de dinheiro em 2014 porque a obra não seria iniciada este ano, só no próximo.
Em Março de 2015, a Associação Joãozinho recebia a primeira contribuição da Fundação Millenium-BCP no valor de oito mil euros.
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