04 julho 2017

Escusado será dizer

Por fim, uma referência à liberdade de expressão e à chamada ditadura do politicamente correto. Qualquer um pode ser apelidado de racista, xenófobo, misógino, sexista, ou homófobo, e atacado verbal e fisicamente pelo estigma destas acusações. A sociedade pulverizou-se em grupos que se digladiam porque se consideram inimigos. Porquê?

Porque se politizou a vida quotidiana!

Será possível reverter esta situação?


Foi assim que, neste excelente artigo, o Joaquim colocou a questão central e se interrogou se seria possível encontrar uma solução.

A seguir, eu escrevi que sim, que a solução há muito que tinha sido encontrada na Igreja Católica. Era só imitar.

É este tema que pretendo desenvolver agora.

A Igreja Católica é feita por homens e grupos (ordens, comunidades de diferentes persuasões) que exibem tanta diversidade (religiosa, política, etc.) como a sociedade civil. Existem padres socialistas (muitos entre os Jesuítas e os Franciscanos) e  outros que preferem o capitalismo (v.g., no Opus Dei). Há padres que são favoráveis ao aborto e outros não. Padres que acreditam em milagres e outros não. A lista é sem fim. Na Igreja, existem até padres ateus.

A diversidade de opinião, mesmo em questões teológicas, dentro da Igreja é enorme. Aquilo que nunca se vê na Igreja é aquilo que o Joaquim vê na sociedade civil -.os padres a agredirem-se mutuamente em público por causa das suas diferenças de opinião.

Porquê?

Muito simples. Ao ser ordenado, cada padre presta um voto de obediência absoluta ao seu bispo e, em última instância, ao Papa. Quando a discussão entre os padres extravasa sobre qualquer assunto, e existe o risco de passar à agressão verbal ou até física, ameaçando dividir a comunidade (Igreja), o bispo - em última instância, o Papa - manda-os calar.

Assunto resolvido.

Na sociedade civil, a principal fonte de crispação pública entre as pessoas são os partidos - uma herança de Lutero. A solução correspondente seria cada membro de um partido, ao ser admitido, ter de prestar um voto de obediência absoluta ao chefe do partido, e este ao Chefe de Estado, a quem compete zelar pelo bem-comum.

Quando os membros dos partidos lançam para a esfera pública questões que dividem a comunidade (especialmente, as chamadas questões fracturantes), e põem as pessoas umas contra as outras, competiria aos chefes partidários mandá-los calar, em defesa do bem-comum.

E se fossem os próprios chefes partidários a prevaricar, nesse caso seria o Chefe de Estado a mandá-los calar.

(Escusado será dizer que este regime levaria à eleição de um Chefe de Estado diferente do actual, o qual tendo, entre outras, a função de mandar calar os membros dos partidos e os chefes partidários em nome do bem-comum,  não deve ser, ele próprio, um homem que está sempre a falar)

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