Rb
(aqui)
Meu caro Rb,
Então o Governo (este Governo) bloqueia uma obra que eu estava a fazer (na qualidade de Presidente de uma Associação Humanitária) e que estava a decorrer com toda a normalidade, e muito entusiasmo - e eu é que sou o opositor? Portugal, no espaço público, anda virado de pernas para o ar (embora não seja de agora), com a concentração das pessoas no mal, em lugar de se concentrarem no bem, mas convém não exagerar.
Não sou eu que me oponho ao Governo. Foi o Governo que se opôs a mim e à comunidade de mecenas que eu represento, e que são oriundos de todo o país, embora maioritariamente do Porto.
Durante um tempo - passaram entretanto dezoito meses - dei ao Ministro da Saúde o benefício da dúvida. Logo que tomou posse, sem nunca falar comigo, depreciou publicamente a obra que estávamos a fazer dizendo que nunca iríamos ter dinheiro para a concretizar. E que ele iria resolver o problema.
Aguentei o vexame sem pestanejar, com o estaleiro da obra até hoje instalado no HSJ, à espera que este cumpra o que assinou e desimpeça o espaço, a fim de que a Associação possa continuar a obra. (Ao contrário das mentiras que o Ministério da Saúde propalou, à Associação Joãozinho não falta dinheiro para continuar a obra. Falta-lhe é frente de obra).
Finalmente, em Janeiro, tinha entretanto decorrido um ano com a obra parada e mais um com as crianças no barracão, o Ministério da Saúde anuncia finalmente que disponibiliza 20 milhões para fazer a obra.
Não era preciso ser economista para perceber que era mentira.
E foi o próprio Ministério da Saúde que, logo de seguida, em Março se desmentiu a si próprio quando o Secretário de Estado da Saúde exarou um despacho a criar uma Comissão (já se sabe o que, em Portugal, significa criar uma Comissão...) para avaliar se a obra deve ou não ser feita e estudar fontes de financiamento.
Para quem tinha tirado 20 milhões da cartola mês e meio antes...
Entretanto, aproxima-se o Dia Mundial da Criança, 1 de Junho. O Ministério da Saúde manda os seus dois Secretários de Estado ao Porto para, em conjunto com o Presidente da ARS-Norte e o Presidente do HSJ, voltarem a anunciar a obra. O resultado é esta farsa. Como não existe dinheiro (a Comissão, no meu conhecimento, nem sequer está nomeada...) volta-se a anunciar a obra, mas desta vez sob a forma da assinatura de um Protocolo de Entendimento.
Estava feito o mais importante pela segunda vez em seis meses - o espectáculo para a comunicação social. Dinheiro - ou qualquer gesto significativo para fazer a obra -, é que não. E como poderia ser de outro modo se o Ministério a Saúde é o mais caloteiro de todos os ministérios do Governo, e se o Ministro da Saúde não tem dinheiro nem para mandar cantar um cego?
Ainda hoje me pergunto o que dirá aquele Protocolo de Entendimento assinado entre três instituições (Ministério da Saúde, ARS-Norte e HSJ) em que uma delas manda nas outras duas.
Talvez o seguinte:
Ministério da Saúde: "Quando nós dermos ordens, vocês obedecem. Entendido?"
E as outras: "Entendido".
E assinam as três por baixo.
Quanto ao facto de o candidato do PSD à Câmara do Porto ter levantado a questão, deixa-me naturalmente feliz - e assim ficaria se fosse o candidato de qualquer outro partido. Cria-me a esperança de que a situação seja desbloqueada. São as crianças, em primeiro lugar, que estão à espera, porque eu já não tenho idade para internamento pediátrico.
Resta-me acrescentar que não tenho nem nunca tive partido, que nunca votei em eleições partidárias (legislativas ou europeias), excepto nas primeiras da democracia (1976: MDP/CDE, um partido entretanto desaparecido).
Posso, no entanto, dizer, porque é justo que o diga, que o Governo anterior não pôs nenhum obstáculo a que esta obra fosse feita por via mecenática e até a encorajou, especialmente pelas pessoas do Primeiro-Ministro Passos Coelho e do então Secretário de Estado da Saúde Manuel Teixeira. Ao passo que este Governo a bloqueou. Sem ter nada para dar em troca, excepto a decepção e a mentira.
Quanto ao facto de o candidato do PSD à Câmara do Porto ter levantado a questão, deixa-me naturalmente feliz - e assim ficaria se fosse o candidato de qualquer outro partido. Cria-me a esperança de que a situação seja desbloqueada. São as crianças, em primeiro lugar, que estão à espera, porque eu já não tenho idade para internamento pediátrico.
Resta-me acrescentar que não tenho nem nunca tive partido, que nunca votei em eleições partidárias (legislativas ou europeias), excepto nas primeiras da democracia (1976: MDP/CDE, um partido entretanto desaparecido).
Posso, no entanto, dizer, porque é justo que o diga, que o Governo anterior não pôs nenhum obstáculo a que esta obra fosse feita por via mecenática e até a encorajou, especialmente pelas pessoas do Primeiro-Ministro Passos Coelho e do então Secretário de Estado da Saúde Manuel Teixeira. Ao passo que este Governo a bloqueou. Sem ter nada para dar em troca, excepto a decepção e a mentira.
1 comentário:
Marketing de guerrilha.
Criancinhas com cancro na avenida dos aliados a exigir a construção do hospital.
Aproveitem o momento que o governo anda muito preocupado com as sondagens.
Enviar um comentário