-Se Cristo era homem e fazia milagres, eu, que sou homem como ele, também os posso fazer, não?
-Sim, mas Cristo, além de homem, também era Deus, e tu não és...
(Segundo a doutrina católica Cristo é plenamente homem e plenamente Deus)
-Mas posso ser!... Como?... Imitando-O.
Eu não sei se foi exactamente este o diálogo íntimo que teve lugar no espírito de S. Francisco. Mas, se não foi, há-de ter sido muito parecido.
Só a capacidade para colocar a primeira questão alargou o espírito humano a latitutes nunca antes conhecidas. E a capacidade para responder à segunda elevou-o até altitudes a que ele nunca antes tinha chegado.
S. Francisco acabou a fazer milagres como Cristo e, na sua vida de pobreza, até Cristo, pelos padrões dele, teria parecido um mau franciscano. O século de S. Francisco viria a produzir grandes santos, como ele próprio e S. Domingos, grandes teólogos, como S. Boaventura e S. Tomás de Aquino, grandes pintores como Giotto, grandes poetas como Dante, grandes cientistas, como Roger Bacon - considerado o pai da ciência moderna.
Chesterton na sua biografia de S. Francisco diz que ele foi uma nova luz que chegou ao mundo, algo que, antes dele, Dante já tinha escrito - uma luz que deixou atrás de si a Idade das Trevas e iluminou novos horizontes à humanidade cristã.
Mas em que consistia precisamente essa luz, que se manteve apagada nos séculos anteriores ainda dominados pelo paganismo com os seus ídolos e o seus deuses da natureza?
No facto de Deus ser homem.
Se Cristo é homem e faz milagres, eu, que sou igualmente homem, também os posso fazer. Mas se, para fazer milagres, além de homem, eu também tenho de ser Deus como Cristo, então a solução está mesmo à vista. Só tenho que O imitar.
O principal milagre de S. Francisco foi o de ter ensinado ao homem como é que o homem pode fazer milagres.
Esta foi a revolução espiritual operada por S. Francisco, o Alter Christus, como tem sido chamado. Ele abriu e elevou o espírito humano a uma dimensão nunca antes conhecida. Nunca o homem contemplou horizontes tão vastos e tão elevados. Depois da revolução franciscana, qualquer homem podia passar a sentir-se como se fosse um super-homem.
É uma revolução espiritual deste género - embora não necessariamente nos termos em que S. Francisco a fez - que nós estamos a precisar. O meu sentimento é que essa nova revolução espiritual será centrada na figura de Maria e não na de Cristo, como aconteceu com a revolução franciscana.
6 comentários:
> até Cristo, pelos padrões dele, teria parecido um mau franciscano.
Pois. Sinal de que alguém está a inventar.
Por acaso ainda hoje tropecei numa referência que me fez ir rever a história do Jim Jones do koolaid.
Linhas muito finas.
eheheheh
bem , eu pensava que os santos , como São Francisco , e até a Virgem , não faziam milagres ... sempre ouvi que intercediam junto de Deus por nós , e Este , no caso de estar para aí virado , milagrava através deles. Como se mudar os planos de Deus estivesse ao alcance de qualquer outro , mesmo Santo e tudo , PA :)
"Se Cristo é homem e faz milagres, eu, que sou igualmente homem, também os posso fazer. Mas se, para fazer milagres, além de homem, eu também tenho de ser Deus como Cristo, então a solução está mesmo à vista. Só tenho que O imitar."
Ou sera "so tenho que reconhecer que tambem eu sou Deus?"
Sigo com bastante atencao e entusiasmo a sua exploracao.
Elaites
«O principal milagre de S. Francisco foi o de ter ensinado ao homem como é que o homem pode fazer milagres.»
A grande conclusão! Só Você (Vexa) o escreveria.
Abraço
Cuidado que a 'rotina' de comentários está 'merdosa'.
aqui está bem explicado , idolatria este post , nada menos :)
http://www.elnuevodiario.com.ni/opinion/324202-santos-no-hacen-milagros/
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