Portugal está falido, não por excesso de catolicismo, mas por falta dele. Portugal está falido porque se afastou do catolicismo. Foi isto que afirmei no post anterior e que agora desejo ampliar.
Portugal vinha a crescer enormemente antes do 25 de Abril - na realidade, fê-lo em todo o período do Estado Novo, sem comparação com qualquer outro país da Europa Ocidental. Foi um período de enorme progresso económico e social, que não encontra paralelo em qualquer período da história do país desde que há registos estatísticos.
No dia 25 de Abril de 1974 a Igreja Católica não mudou. Quem mudou foi Portugal.
E como é que Portugal mudou em relação à Igreja Católica?
Afastando-se dela e da sua doutrina.
Como?
É preciso começar por aquilo que é mais importante, antes de tratar outros aspectos menos importantes - e é esse o propósito deste post.
E aquilo que é mais importante é a família.
A doutrina da Igreja estabelece uma hierarquia de instituições, primeiro a família, depois a empresa e só em último lugar o Estado (que é, portanto, subsidiário), correspondente a uma hierarquia nos processos de afectação dos recursos: primeiro a dádiva, depois o interesse pessoal, em último lugar o poder político.
Ora, com a Revolução de 25 de Abril iniciou-se um processo que inverteu esta hierarquia, a qual passou ser Estado em primeiro lugar, empresa em segundo e só em último lugar a família.
A destruição maciça da família que se tem operado nas últimas décadas - e que pode ser testemunhada pela evolução das taxas de nupcialidade, de divórcio e de fertilidade no país, para já não falar dessas coisas esotéricas como o casamento homossexual ou a adopção por casais do mesmo sexo - é o principal afastamento de Portugal em relação à doutrina católica e o principal factor responsável por Portugal se encontrar falido.
Pois se os portugueses, cada vez menos, conseguem governar uma família como esperam eles poder governar o Estado?
8 comentários:
"maciça" e marreta
O país até crescia no estado novo, mas o povo emigrava como nunca. Alguma razão haveria para sair dum regime tão bom.
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O estado até era rico, mas o povo pobretanas, sem acesso a educação e saúde.
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O estado novo e a actual angola tem semelhanças incríveis. Ambos cresciam/crescem fortemente mas a população continuava/continua miseravelmente pobre.
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As relações entre a 'sede' da Igreja católica em Roma e Salazar eram péssimas. Tão más que Salazar já nem disfarçava a antipatia pelo papa. Principalmente pela posição frontal que o papa fazia à política colonial.
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As estruturas nacionais da igreja não tinham a mesma postura que Roma tinha. Por questões táticas. Não queriam hostilizar o ditador e perder posição e influência.
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Rb
Os nossos donos já não precisam que o gado vulgar tenha famílias. É bom demais para essa gentinha.
Governar o estado é assunto ortogonal, até é mais fácil sem isso, como se vê pela figura junta.
Que não agrade, são ainda outros quinhentos.
Oh! Ricciardi:
Está a dizer que o Estado Novo e Angola actual tem semelhanças quanto à riqueza/ pobreza?
De maneira nenhuma. O Estado Novo tinha muitas reserva em ouro. O Estado Angolano está falido. Salazar pouco tinha. JES está podre de rico.
Isso, o estado portugues tinha ouro e um povo pobre, assim como angola tem ouro negro e um povo igualmente pobre.
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Mais, o crescimento econômico da época de Salazar é menor em relação à média europeia do que o crescimento em democracia. O período de maior crescimento do estado novo ocorreu com Marcelo Caetano, este sim, o melhor período econômico, que ocorreu já na década de 60.
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Portugal só não cresceu mais antes e se desenvolveu porcausa de Salazar. Mal caiu e deu lugar a outro o país desenvolveu-se.
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Factos são factos.
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Rb
O raciocínio deste post cai totalmente pela base.
Pela simples razão de que as pessoas que têm governado o país são de uma época em que não se poderiam notar os efeitos de tudo aquilo a que o PA chama "destruição maciça da família".
Há 2 factos que ficam sempre atrás.
Um é o de as taxas de crescimento industrial e de PIB serem mais rápidas sempre que uma economia agrícola se industrializa, até chegar a um ponto de estagnação - algo que até a China está a experimentar agora mesmo.
O outro é o da emigração - e é especialmente estranho que o mesmo país que envia tropas para um ponto do mundo envie mão-de-obra para outro. Sim, eu sei que a cultura católica manda conhecer o mundo, mas se os nossos antepassados nos tinham legado um espaço para nós, porque é que as pessoas insistiam em ir para a América e para a França? Foi um duplo voto com os pés - para fora, e para longe do Império.
Se estes factos ficam atrás, estamos a falar de uma Verdade que é parcial e omissa.
E é omissa noutro ponto: o combustível barato. O crescimento do Estado Novo e do ocidente em geral teve petróleo barato, até aos primeiros choques petrolíferos.
No dia em que sairmos do Euro, como e quanto é que vamos pagar aos sauditas para não andarmos a pé?
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