16 janeiro 2017

o que é a Força de Vontade?

Força de vontade – FV


A força de vontade é uma tendência instintiva que se destina a alcançarmos objetivos de médio e longo prazo, ignorando prazeres ou desconfortos imediatos.

O modelo mais utilizado para estudar a FV foi desenvolvido por Roy F. Baumeister (2003), da Universidade da Flórida nos EUA, que afirma que a FV não é uma característica da personalidade, nem uma deliberação ética ou moral. É uma capacidade humana que funciona como “um músculo”, uma capacidade que pode ser fortalecida, mas que também entra facilmente em exaustão.

Kelly McGonigal (1), autora do livro “The Willpower Instinct” (2012), sublinha que este modelo tem várias implicações importantes.

1.     A FV é uma resposta do corpo e da mente, não apenas da mente
2.     Usar a FV consome recursos físicos do organismo
3.     A FV tem limites
4.     A FV pode ser treinada e desenvolvida (como um músculo)

1. A FV é uma resposta do corpo e da mente, não apenas da mente

O principal contributo científico nesta área foi da investigadora Suzane Segerstrom (2007), da Universidade de Kentucky nos EUA. Suzane Segerstrom estudou características fisiológicas associadas ao exercício da FV e verificou que este está associado a uma ativação equilibrada do sistema nervoso autónomo que permite focar a atenção, mas num estado de relaxamento. ‹‹Agindo de acordo com os nossos objetivos superiores e não com os nossos apetites imediatos›› – (citada por K. McGonigal).

2. Usar a FV consome recursos físicos do organismo

Usar a FV cansa e leva o indivíduo a sentir-se exausto – “fadiga central”. Consome glicose, o principal combustível do organismo, e foi possível demonstrar que a glicémia desce quando se exercita a FV e que, por outro lado, quando a glicémia está baixa a FV enfraquece.

3. A FV tem limites

O modelo de Baumeister, que equipara a FV a um músculo, permite usar aqui uma metáfora fácil de compreender: tal como o exercício físico esgota e reduz temporariamente a força muscular, o exercício da FV reduz a capacidade de autocontrole e a disponibilidade para a continuar a exercer.
Susan Segerstrom descobriu também que a FV é uma capacidade genérica e que se a usarmos para uma determinada finalidade ficamos com menos FV para outras tarefas. Exemplo, se estivermos a exercer a FV para cumprir uma dieta ficamos com menos força de vontade para estudar.


4. A FV pode ser treinada e desenvolvida

Esta é talvez a conclusão mais interessante dos estudos mais recentes sobre a FV. Sendo “um músculo”, a FV pode ser treinada de modo a aumentar a sua capacidade de reserva e não entrar em fadiga central tão facilmente.

Exercícios físicos e meditação, por exemplo, podem fortalecer a FV porque obrigam a autocontrole. Ir todos os dias ao ginásio implica força de vontade e, de início, algum esforço, mas com a repetição a FV sai fortificada e o esforço diminui.

CONCLUSÃO:


Todas as pessoas têm força de vontade e é possível criar condições para a fortalecer. Com uma vida saudável, com alimentação equilibrada e com treino de fortalecimento.

Ref:

1) McGonigal, K: The Willpower Instinct, Penguin Group, NY 2012

6 comentários:

zazie disse...

Gostei particularmente da "alimentação equilibrada".

Os vegas ficam sem forcinha para nada.

zazie disse...

Eu acho que sempre a tive em demasia e tenho tido mais necessidade de desligar a casmurrice e controlar o impulso de levar sempre tudo até ao fim, mesmo que inutilmente.

zazie disse...

A força de vontade é um impuso concentrado como missão e implica até aumento de adrenalina.

Acho que é perfeitamente racional. Uma predisposição a fazer-se algo, sem ter em conta as dificuldades nem o tempo.
É o sentido de fazer-se o que se tem a fazer e não largar.

É um excesso porque concentra grande parte das energias e pensamento numa única questão. Não creio que existam "forças de vontade" a trabalharem em paralelo para diferentes coisas.

Esse é o aspecto negativo porque depois não há o "plano B" se a tarefa na qual a vontade se concentrou, falhar.

zazie disse...

Mas não acho nada que toda a gente a tenha e que isso dependa de alimentação ou qualquer outra coisa. É inato.

Há quem não tenha nenhuma e seja perfeitamente auto-indulgente. Isso vê-se em quem é capaz de largar um vício- como o do tabaco- e quem não é.

Agora quem tem é bom a aconselhar os outros. É um bom treinador por conseguir incutir optimismo e certeza de vencer em quem precisa dessa força.

marina disse...

tenho carradas ,potes, mas acho que nasci assim. mas é boa notícia , talvez possamos abrir um big ginásio para exercitar a FV dos tugas , são raros os que têm alguma.

zazie disse...

ehehehe

Alinhava nessa. Entravam em órbita e eu aliviava-me um pouco da que tenho para dar e vender

":O))))))