Força de vontade –
FV
A força de
vontade é uma tendência instintiva que se destina a alcançarmos objetivos de
médio e longo prazo, ignorando prazeres ou desconfortos imediatos.
O modelo mais utilizado para estudar a FV
foi desenvolvido por Roy F. Baumeister (2003), da Universidade da Flórida nos
EUA, que afirma que a FV não é uma característica da personalidade, nem uma
deliberação ética ou moral. É uma capacidade humana que funciona como “um
músculo”, uma capacidade que pode ser fortalecida, mas que também entra
facilmente em exaustão.
Kelly McGonigal (1),
autora do livro “The Willpower Instinct” (2012), sublinha que este modelo tem
várias implicações importantes.
1.
A FV
é uma resposta do corpo e da mente, não apenas da mente
2.
Usar
a FV consome recursos físicos do organismo
3.
A FV
tem limites
4.
A FV
pode ser treinada e desenvolvida (como um músculo)
1. A FV é uma
resposta do corpo e da mente, não apenas da mente
O principal
contributo científico nesta área foi da investigadora Suzane Segerstrom (2007),
da Universidade de Kentucky nos EUA. Suzane Segerstrom estudou características
fisiológicas associadas ao exercício da FV e verificou que este está associado a uma ativação
equilibrada do sistema nervoso autónomo que permite focar a atenção, mas num estado de relaxamento. ‹‹Agindo de acordo
com os nossos objetivos superiores e não com os nossos apetites imediatos›› –
(citada por K. McGonigal).
2. Usar a FV
consome recursos físicos do organismo
Usar a FV cansa e
leva o indivíduo a sentir-se exausto – “fadiga
central”. Consome glicose, o principal combustível do organismo, e foi
possível demonstrar que a glicémia desce quando se exercita a FV e que, por
outro lado, quando a glicémia está baixa a FV enfraquece.
3. A FV tem
limites
O modelo de
Baumeister, que equipara a FV a um músculo, permite usar aqui uma metáfora
fácil de compreender: tal como o exercício físico esgota e reduz
temporariamente a força muscular, o exercício da FV reduz a capacidade de
autocontrole e a disponibilidade para a continuar a exercer.
Susan Segerstrom
descobriu também que a FV é uma
capacidade genérica e que se a usarmos para uma determinada finalidade
ficamos com menos FV para outras tarefas. Exemplo, se estivermos a exercer a FV
para cumprir uma dieta ficamos com menos força de vontade para estudar.
4. A FV pode ser
treinada e desenvolvida
Esta é talvez a
conclusão mais interessante dos estudos mais recentes sobre a FV. Sendo “um
músculo”, a FV pode ser treinada de modo a aumentar a sua capacidade de reserva
e não entrar em fadiga central tão facilmente.
Exercícios
físicos e meditação, por exemplo, podem fortalecer a FV porque obrigam a
autocontrole. Ir todos os dias ao ginásio implica força de vontade e, de
início, algum esforço, mas com a repetição a FV sai fortificada e o esforço
diminui.
CONCLUSÃO:
Todas as pessoas
têm força de vontade e é possível criar condições para a fortalecer. Com uma
vida saudável, com alimentação equilibrada e com treino de fortalecimento.
Ref:
1) McGonigal, K: The Willpower Instinct, Penguin Group, NY 2012
6 comentários:
Gostei particularmente da "alimentação equilibrada".
Os vegas ficam sem forcinha para nada.
Eu acho que sempre a tive em demasia e tenho tido mais necessidade de desligar a casmurrice e controlar o impulso de levar sempre tudo até ao fim, mesmo que inutilmente.
A força de vontade é um impuso concentrado como missão e implica até aumento de adrenalina.
Acho que é perfeitamente racional. Uma predisposição a fazer-se algo, sem ter em conta as dificuldades nem o tempo.
É o sentido de fazer-se o que se tem a fazer e não largar.
É um excesso porque concentra grande parte das energias e pensamento numa única questão. Não creio que existam "forças de vontade" a trabalharem em paralelo para diferentes coisas.
Esse é o aspecto negativo porque depois não há o "plano B" se a tarefa na qual a vontade se concentrou, falhar.
Mas não acho nada que toda a gente a tenha e que isso dependa de alimentação ou qualquer outra coisa. É inato.
Há quem não tenha nenhuma e seja perfeitamente auto-indulgente. Isso vê-se em quem é capaz de largar um vício- como o do tabaco- e quem não é.
Agora quem tem é bom a aconselhar os outros. É um bom treinador por conseguir incutir optimismo e certeza de vencer em quem precisa dessa força.
tenho carradas ,potes, mas acho que nasci assim. mas é boa notícia , talvez possamos abrir um big ginásio para exercitar a FV dos tugas , são raros os que têm alguma.
ehehehe
Alinhava nessa. Entravam em órbita e eu aliviava-me um pouco da que tenho para dar e vender
":O))))))
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