05 janeiro 2017

Governo força...

"Governo força..."

Ui!...O Governo tem cá uma força para negociar a venda do Novo Banco...

Mas, ao menos, quem ler o Público fica a pensar que o Governo tem força.

(A verdade: o Estado português vai ter de pagar para vender o Novo Banco - ou então vai ter de o nacionalizar, o que vai dar ao mesmo).

O título certo seria: "Governo à rasca com o Novo Banco".

O que vale é que há jornais que gostam de fazer parecer bem os políticos, mesmo iludindo os seus leitores.

8 comentários:

lusitânea disse...

Aos governantes e restantes interpretadores na oposição restará sempre o seu zé povinho para demonstrarem quem manda...
Agora vive-se melhor do que no tempo da outra senhora.E somos um país acolhedor.Com a benção dos nossos queridos governantes somos roubados e malhados pelos acolhidos...

Rui Alves disse...

Essa do governo "forçar" a venda de um banco falido lembra-me uma velha anedota:

"Ontem à noite tive uma briga brutal com a minha mulher, mas consegui pô-la a suplicar-me de joelhos."
"Boa! E o quê que ela te suplicou?"
"Que saísse de debaixo da cama."

Anónimo disse...

Caro Pedro Arroja,

Como certamente sabe, há uma terceira possibilidade, muito diferente de uma falsa venda ou de uma nacionalização dos prejuízos: consiste em não interferir na liquidação do banco, sendo os prejuízos suportados pelos accionistas e depositantes (para lá dos montantes protegidos pelo seguro de depósitos).

A diferença é abissal: se o banco for tratado como deve ser, i.e., como um negócio com o inerente risco, as perdas incidem sobre quem as deve suportar. Nas duas possibilidades que apresentou como se fossem as únicas, os prejuízos são sempre suportados por quem paga impostos.

Esperava melhor de um comentário seu sobre matérias financeiras, mas apenas contribuiu para iludir quem, neste regime, já é incapaz de se informar correctamente --e menos ainda de se defender do saque em curso.

Anónimo disse...

'consiste em não interferir na liquidação do banco, sendo os prejuízos suportados pelos accionistas e depositantes (para lá dos montantes protegidos pelo seguro de depósitos).'

Depositantes que não tiveram uma palavra na gestão do banco, e que podem não ter dinheiro suficiente para as necessidades. Fantástico.
Infelizmente um banco é um negócio de interesse público. Regras e consequências diferentes.

Anónimo disse...

Informe-se sobre o modo como foi capitalizado o Novo Banco se quiser perceber quem suportaria a maioria das perdas. No que eventualmente pudesse respeitar aos depositantes, há um seguro de depósitos; acima disso cada um tem a obrigação de saber que pode incorrer em perdas se entregar o dinheiro a irresponsáveis e/ou incompetentes.

Fantástico é ter de aturar quem quer ter (sempre) "uma palavra" na gestão do dinheiro dos impostos.

Anónimo disse...

'acima disso cada um tem a obrigação de saber que pode incorrer em perdas se entregar o dinheiro a irresponsáveis e/ou incompetentes.'

É verdade por isso é que os depósitos acima desse valor tem descido vertiginosamente em Portugal.

Questiono é como se passa o ônus para essas pessoas, quando ao mesmo tempo não tem responsabilidades na gestão do banco. Na realidade é quase lhes pedir para descapitalizarem o banco. Mais uma vez, fantástico.

Anónimo disse...

"Questiono é como se passa o ônus para essas pessoas"

Os ônus são sempre de "pessoas"; escolher uma das três hipóteses indicadas para resolver a situação do Novo Banco é escolher quais as pessoas que suportam as consequências das decisões políticas e financeiras que produziram essa situação. A minha opção preferida é a que envolve menos custos para os que não têm nenhumas responsabilidades nessa situação.

Se tentar compreender a natureza do negócio bancário nos moldes actuais, acabará por chegar à raiz dos problemas: o sistema de reservas fraccionárias. E fico-me por aqui porque já estou farto dos seus "fantásticos".

Anónimo disse...

'A minha opção preferida é a que envolve menos custos para os que não têm nenhumas responsabilidades nessa situação.'

Desistindo de manter-me na mesma rua por onde entrei, um dos problemas do 'bail-in' é ir contra exactamente esse princípio. Soa bem dizer que 'os contribuintes não serão chamados' ou que o banco é que suportará as suas próprias perdas. Mas isto, é só verdade até certo ponto.
A regra que depósitos além de 100k (e não estou neste momento a discutir a justiça ou não de tal medida) serão chamados a contribuir é logo um incentivo a ninguém manter uma conta com mais de 100k. Isto é uma dificuldade acrescida à capitalização do banco. Outra, é mesmo fuga de capitais. Se tiver que manter uma conta com mais de 100k, vou a colocar onde o risco é menor. Isto é, onde a probabilidade de ser chamado a contribuir é menor. E isso será fora de Portugal.
O resultado é que um sistema bancário em problemas sofrerá ainda uma maior pressão, e tornar-se-á mais fraco. E nesse caso todos sofreremos de novo, e todos seremos chamados a pagar. Ali no início ter sido só para alguns não mudará isto.