14 junho 2016

pelo caminho

Enquanto em Portugal se encontra um bom jogador de futebol, daqueles que podem aceder à selecção, em Espanha, que tem uma população quatro a cinco vezes maior, encontram-se quatro ou cinco. E na Alemanha, oito. O tamanho de um  país é um factor decisivo do seu favoritismo numa competição internacional entre selecções.

Assim, em vinte edições do Campeonato do Mundo de Futebol,  dezoito (90%) foram ganhas por países grandes, com o Brasil (5), a Itália (4) e a Alemanha (4) à cabeça. Apenas duas (10%) foram ganhas por pequenos países, na realidade, por um só - o Uruguai - que ganhou duas vezes.

No Campeonato da Europa, nas catorze edições já realizadas, dez (70%) foram ganhas por grandes países, tendo à frente a Espanha (3) e a Alemanha (3), e somente quatro (30%) por pequenos países - a Checoslováquia, a Holanda, a Dinamarca e a Grécia.

Para além do tamanho, a tradição ou cultura futebolística do país é o outro factor mais importante do seu favoritismo. O futebol é hoje um tradição universal (católica) praticada em todos os países do mundo. Ele foi trazido  para a modernidade pela cultura católica, a partir da Grécia Antiga e da Roma antiga  onde se praticavam jogos que constituem os antecedentes mais remotos do moderno futebol.

Na sua versão moderna, o futebol tem origem no calcio italiano, embora muitas das regras por que hoje se governa tenham sido contribuição dos ingleses, e daí o predomínio de expressões inglesas no futebol moderno, como penalty ou off-side.

A partir da Europa Ocidental o futebol expandiu-se pelos outros continentes do mundo, com maior intensidade na América Latina - hoje em dia, o continente católico por excelência - e menos noutros, como a América do Norte, a África ou a Ásia.

Dos vinte Campeonatos do Mundo já realizados todos foram ganhos por países da Europa Ocidental ou da América do Sul, com ligeiro predomínio dos países europeus. E dos catorze Campeonatos da Europa, doze (85% foram ganhos por países da Europa Ocidental, e apenas dois (15%) por países do Leste - União Soviética e Checoslováquia.

Portugal inicia hoje a sua participação no Euro 2016. É favorito?

Não. A tradição beneficia-o, mas o tamanho penaliza-o. Os favoritos são os grandes países da Europa Ocidental. Estão cinco na prova - Alemanha, Espanha, Itália, França e Inglaterra - e todos eles já ganharam a competição, com excepção da Inglaterra.

Quanto à fase de grupos é diferente. Aí Portugal está em competição com pequenos países (Islândia, Áustria e Hungria) e países que possuem uma tradição menos intensa no futebol. Portugal é o grande favorito do seu grupo. 

As probabilidades sugerem, portanto, que Portugal passará a fase de grupos, mas depois morrerá pelo caminho.


6 comentários:

Harry Lime disse...

Para além do tamanho, a tradição ou cultura futebolística do país é o outro factor mais importante do seu favoritismo. O futebol é hoje um tradição universal (católica) praticada em todos os países do mundo. Ele foi trazido para a modernidade pela cultura católica, a partir da Grécia Antiga e da Roma antiga onde se praticavam jogos que constituem os antecedentes mais remotos do moderno futebol.

Bem sempre julguei que o futebol, tal como a maioria dos outros desportos, tinha sido criado no sec. XIX na Inglaterra vitoriana... catolica, descubro agora pela palavras cultas do PA.

Por outro lado, é verdade que na Roma e na Grecia antigas havia "jogos" olimpicos e doutros mas só com muito boa vontade é que podem ser comparaveis ao desporto moderno.

Mais importante, um dos feitos do catolicismo foi marginalizar e ilegalizar esses jogos. Só por pura ignorancia é que se pode associar o catolicismo à divulgação do desporto.

Rui Silva

Harry Lime disse...

O desporto moderno é descendente dos jogos medievais (entre os quais, o calcio storico ainda jogado em algumas cidades italianas como Florença).

Esses jogos existiam em todas as cidades europeias Mas tanto quanto eu sei esses eram jogos puramente laicos que reflectem rivalidades entre os bairros das cidades, sem qualquer motivação religiosa... quer dizer são "jogos catolicos" no sentido em que foram criados nuam época (Idade média) em que na Europa Ocidental não havia nada além de catolicismo.

Mas pronto, o PA aparentemente estudos este tema a fundo (???) deve saber do que está a falar.

Rui Silva

Harry Lime disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Harry Lime disse...

Já agora apenas um video de calcio storico fiorentino.

Não quero ser má pessoa mas parece-me que as diferenças entre o calcio storico e o futebol (ou mesmo o rugby!) vão um bocadinho além da regra do off-side... mas deixemos as imagens falar por sí.

Rui Silva

Miguel disse...

Sim, mas o facto de há 500 anos, um pequeno país ter conseguido dominar meio-mundo, tal qual como a Espanha, um grande país, seria algo pouco provável, pela mesma ordem de ideias. Menos ainda manter um império colonial durante tanto tempo, por vezes em disputa directa com grande países. A excepção confirma a regra e, um dia, talvez possamos materializar essa excepção no futubol. Algo me diz que sim. Será um questão de motivação e liderança? Será um questão de fé? A bola é redonda e "prognósticos só no fim do jogo" :)

Harry Lime disse...

Bem, a Eslovaquia (5 milhoes de habitantes) bateu a Russia (140 milhoes de habitantes)

Portugal (10 milhoes de habitantes) empatou com a Islandia (300 mil habitantes)...

Lá se vai a teoria do numero de habitantes do PA.

É que a coisa gira no futebol é que os acontecimentos improvaveis do ponto de vista estatistica aconteceu com uma frequencia alarmante.


Rui Silva