06 abril 2016

o oposto de católico

A grande diferença entre o pensamento católico  e o pensamento protestante, quando se trata de política, é a de que o primeiro parte da divisão natural da humanidade entre homens e mulheres, ao passo que o segundo parte de uma divisão artificial entre liberais, socialistas, etc.

As pessoas nascem homens ou mulheres, não liberais ou socialistas - na realidade, a maior parte delas nunca chega a saber sequer o que é o liberalismo ou o socialismo (ou qualquer outra ideologia). O que é um homem e o que é uma mulher, e como é que se relacionam entre si, são as primeiras questões postas pela filosofia política do catolicismo.

Para o pensamento católico, a história da humanidade não é nem a história da luta de classes, como pretende Marx, nem a história da competição pela sobrevivência da espécie, como pretende Darwin, mas a história da cooperação entre homens e mulheres.

São as mulheres iguais ou diferentes dos homens? Ambas as coisas, são iguais e são diferentes, responde o pensamento católico. São iguais porque praticamente todos os atributos físicos e espirituais que existem nas mulheres também existem nos homens. São diferentes porque, em geral, o grau de incidência ou de intensidade desses atributos difere entre homens e mulheres. E as diferenças espirituais são mais acentuadas do que as diferenças físicas.

O oposto de católico (do grego katholicos, universal) é sectário. O catolicismo é aberto a todos, sem excepção. Pelo contrário, aquilo que caracteriza o sectarismo é ser sempre contra alguém ou alguma coisa. Os movimentos protestantes receberam a designação de seitas porque eram todos contra alguma coisa - a Igreja Católica - e, por força dessa cultura do contra, acabaram por ser todos uns contra os outros, para além de serem todos contra o catolicismo.

São assim também todos os partidos políticos no regime de democracia partidária a que o protestantismo religioso deu origem. São todos contra a cultura católica e são todos uns contra os outros.

E a Igreja Católica não é contra as seitas? Não, ela é aberta, católica, universal, não pode ser contra ninguém. Aquilo que a Igreja Católica fez foi integrar as seitas do protestantismo - as duas principais, luteranismo e calvinismo, estão representadas nos Jesuítas e no Opus Dei, respectivamente. E a integração foi a tal ponto que até um excelente representante do protestantismo chegou a Papa.

O Papa Francisco é o exemplo acabado do católico protestante ou do protestantismo dentro da Igreja Católica.


9 comentários:

Anónimo disse...


E é por isso que a grande popularidade que tem cá o papa Francisco, é "mais um sinal do profundo catolicismo da população portuguesa." Hã?... hihihi, PA, não quer criar um canal de youtube? Teria mais visionamentos do que o do puto a morder o dedo ao irmão :)

Zephyrus disse...

Antes da Contra-Reforma já havia uma enorme heterogeneidade na Igreja Católica.

Talvez sejamos pobres por nos ter calhado a influência dos Dominicanos e dos Franciscanos. Talvez se a Ordem de Cristo tivesse permanecido poderosa e influente depois de D. Manuel I e se os Jesuítas não tivessem sido expulsos seríamos mais ricos.

Há uma enorme diferença entre o cristianismo da Áustria, Suíça, Norte de Itália, França ou Sul da Alemanha e o cristianismo Ibérico.

Portanto culpar a Igreja Católica em si pelo nossos atraso e miséria é parvoíce.

Anónimo disse...

Pedro Arroja, conclusão muito bem caçada!
Como é hábito, é tramado ir contra o seu raciocínio.

zazie disse...

Pois é e é verdade. Os jesuítas sempre foram os prot dos católicos.

zazie disse...

A grande boca foi em relação à Opus Dei e sim, de acordo, não suporto aquele calvinismo cretino a idolatrar o trabalho.

Mas a função é competir com a maçonaria, daí ainda terem alguma utilidade.

Pedro Sá disse...

Bota calvinismo nisso...

zazie disse...

Bota mesmo ":OP

Harry Lime disse...

Às vezes acho que o PA é que é protestante.

Senão vejamos: o PA diz que a Igreja catolica une e o protestantimo separa. Mas depois passa o tempo a separar entre os catolicos "puros" (os do Sul da Europa e os que não são jesuitas) e os catolicos protestantes (os do Catolicos do Norte da Europa e os jesuitas mais os Opus Dei).

Ora esta divisão não faz sentido dentro do catolicismo. A própria definição do catolicismo é de união. Por um lado temos catolicos com uma raiz mais sentimental (os puros, segundo o PA). Por outro, temos catolicos com uma base mais intelectual (os prots segundo o PA). Mas o essencial é que são TODOS catolicos sem distinção! Há lugar na Igreja acolhe-os a todos!

Esta mesma abordagem na mentalidade protestante levaria a uma divisão entre seitas. E é por este caminho que o PA entra. Por isso, o PA á força de querer ser o mais puro dos catolicos acaba por o mais protestante dos protestantes.

Porque o que levou ao protestantismo foi a procura da pureza e da fidelidade à Palavra de Deus que segundo Lutero foi perdida na confusão catolica. Depois disso, foi cada seita protestante a competir entre sí para ser a mais pura. O caminho do PA é, da mesma forma, a procura da pureza no caolicismo e quanto mais fiel e mais pura for a "seita" (a "seita" jesuita, a seita da opus Deis, a "seita" dos catolicos puros como o PA) melhor será essa "seita".

O PA condena o sectarismo do protestantismo mas ele, próprio, é um grande sectário.

Rui Silva

Harry Lime disse...

E, mais, o PA está errado quando diz que o problema com o protestantismo é a divisão. Mas eu discordo.

A grande vantagem do catolicismo em relação ao protestantismo não é a união (isso não é vantagem em si).

A grande vantagem do catolicismo é que consegue reflectir a diversidade do Mundo (os protestantes chamar-lhe-iam confusão) ao arranjar uma forma de integrar diversas têndencias (às vezes contraditorias) na sua organização com alguma harmonia. Ainda que que com acidentes de percurso.

E assim temos "ordens" diversas: opus dei, jesuitas, franciscanos e beneditinos, "catolicos catolicos" e catolicos protestantes", etc, etc, todas a coexistir na mesma Igreja.

É evidente que esta coexistencia nem sempre é pacifica e a integração de novas tendencias nem sempre aoconteceu sem dor... por outras palavras, a Igreja é uma coisa confusa, opaca, impura. Como o Mundo de resto.

Mas a verdade é que os prots na sua procura da pureza, fazem algo muito mais perigoso: criam uma estrutura "simplicada" que não reflecte a confusão do Mundo. E esse é também o erro do PA.

De resto, caindo na politica, esse é tambme o erro de qualquer sistema totalitário (por mais "catolico" que seja). à força de procurar um determinada estado de "pureza" (seja a utopia socialista, ou utopia taliban ou a utopia neo-liberal, ou a utopia racial, ou a utopia "catolica") acabam por simplificar a realidade e por rejeitar a sua confusão. Esse é também o erro do protestantismo. E do PA.

Por isso é que a democracia representativa com todos os defeitos que se conhecem (e não são poucos) é o mais catolico dos regimes politicos. Porque reflecte e tenta integrar toda a confusão do mundo (em vez de fazer de conta que essa confusão não existe.). Às vezes consegue-o outra não mas o caminho faz-se caminhando. Não há outra maneira.

Rui Silva