11 fevereiro 2016

A PEREGRINA - Capítulo I

...
... exclamou a Fátima para o marido que a aguardava à porta da Igreja. Vinha fora de si, possessa.

- Que foi? Parece que viste o Diabo...
- E sim, o Diabo é o maldito padre Januário, aquele filho da p___ – Fátima evitou o palavrão, revirando os olhos.
- Estás tola? O que foi?
- Antes estivesse, anda daí que eu nunca mais cá quero pôr os pés.

Fátima deu o braço ao Marco e juntos abandonaram o adro da Igreja.

- Esta é a nossa Igreja, o padre Januário é que nos casou, tu és catequista desde que te conheço...
- Acabou-se, nunca mais!

Caminharam durante alguns minutos até que Fátima quebrou o silêncio:

- Senta aqui – sentaram-se num banco de jardim. Fátima, com as lágrimas nos olhos, deu a mão ao marido e entre soluços desabafou – ele chamou-me pecadora e disse que nunca seria absolvida se não me deixasse de maluquices...

- Que maluquices? - Ele sabia muito bem que eu tinha ido a Fátima pedir um filho. Faço esta peregrinação e três semanas depois estou grávida, é ou não é um milagre Marco? - Fátima buscou o apoio do marido para esta conclusão.

Marco escutou em silêncio; a tese do milagre não o entusiasmava por aí além.

- Quando lhe disse que estava grávida, ele sorriu e deu-me os parabéns. ‹‹É uma boa notícia minha filha››, observou. Começou a desconversar foi quando eu lhe afirmei que era um milagre.

- E é um milagre, mas só para nós mor.
- Foi o que eu lhe disse. E ele: ‹‹Milagre?! Não estiveste com o teu marido? Então...››. Contei-lhe que tinhas ido ter comigo a Fátima e que foi nessa ocasião que engravidei.
- Foi a única altura – Marco corou, quando se apercebeu do que esta afirmação, inadvertida, tinha de subentendido.
- Pois! Disse-lhe que tínhamos tido um momento especial... de muito amor, na noite do 13 de Maio... e que o resultado estava à vista.

Fátima apertou com força a mão do marido enquanto o fixou nos olhos.

- Ele fez-me sentir vulgar Marco... quis saber o que fizemos, por que é que tinha sido tão especial...
- E tu? - Eu não deitei maldade à pergunta. Disse-lhe que foste carinhoso comigo, que estavas empolgado, e que isso me tinha deixado feliz. Foi então que o coscuvilheiro quis saber mais pormenores...
- Parece impossível...
- Fui apanhada de surpresa Marco, fiquei parva... perguntou-me se tive prazer e eu disse que sim, que tínhamos feito amor duas vezes seguidas.
- Que cena! Não tinhas que lhe dar satisfações...

Marco tentou levantar-se, mas Fátima acalmou-o.

- Eu também o piquei... saltou-me a tampa com aquela conversa nojenta. Disse-lhe que tínhamos feito com as luzes acesas, em frente ao espelho, e que tu me tinhas tomado por trás...

Marco engoliu em seco, estava pálido e as mãos tremiam-lhe. Sentia-se envergonhado. Como é que iria reagir quando se cruzasse com o padre?

- Ele até gaguejou, queria saber... ouviu o que não estava à espera. – Fátima sorriu, sentia-se no domínio da situação e continuou – Ele é um depravado, vive com a criada e com o irmão, deve ser uma pouca vergonha naquela casa. Quem é ele para me chamar pecadora? Eu sou uma mulher séria...
- Casada e que vai ser mãe! – Marco acrescentou, tentando pôr água na fervura, não era bom que a mulher se exaltasse assim logo no início da gravidez.
- E tu vais ser pai, foi uma graça da Nossa Senhora mor, eu tanto pedi...

Levantaram-se e dirigiram-se para casa. Fátima mais calma e alegre com a perspetiva de ser mãe. O marido, porém, ainda pensativo e cabisbaixo.

- Não te preocupes mor, vamos ser muito felizes. Quando chegarmos a casa vou-te fazer um agradozinho, a gravidez dá muita pica.
- Logo à noite mor, agora tenho de estudar.

4 comentários:

Rui Alves disse...

Duas vezes seguidas, pegou-a por trás... Fónix, ó Joaquim, o tipo é um garanhão! :-)

marina disse...

Padre, perdoa-me porque pequei (voz feminina)*
*- Diga-me filha - quais são os teus pecados?*
*- Padre, o demónio da tentação se apoderou de mim, pobre
pecadora.*
*- Como é isso filha?*
*- É que quando falo com um homem, tenho sensações no
corpo que não saberia descrever...*
*- Filha, apesar de padre, eu também sou um homem...*
*- Sim, padre, por isso vim confessar-me contigo.*
*- Bem filha, como são essas sensações?*
*- Não sei bem como explicá-las - neste momento meu corpo
se recusa a ficar de joelhos e necessito ficar mais a vontade.*
*- Sério??*
*- Sim, desejo relaxar - o melhor seria deitar-me...*
*- Filha, deitada como?*
*- De costas para o piso, até que passe a tensão...*
*- E que mais?*
*- É como um sofrimento que não encontro palavras.*
*- Continue minha filha.*
*- Talvez um pouco de calor me alivie...*
*- Calor?*
*- Calor, padre, calor humano, que leve alívio ao meu padecer...*
*- E com que frequência é essa tentação?*
*- Permanente padre. Por exemplo, neste momento imagino
que suas mãos massageando a minha pele me dariam muito alívio...*
*- Filha?!*
*- Sim padre, me perdoa, mas sinto necessidade de que
alguém forte me estreite em seus braços e me dê o alívio de que
necessito...*
*- Por exemplo, eu?*
*- Sim padre, você é a categoria de homem que imagino
poder me aliviar.*
*- Perdoa-me minha filha, mas preciso saber tua idade...*
*- Setenta e quatro, padre.*
*- Filha, vai em paz que o teu problema é reumatismo...

zazie disse...

AHAHAHAHAHAHAHAHA

Essa é que está o máximo

Rui Alves disse...

Eheheheheh! Bem fixe!