18 dezembro 2015

Portugal no divã

Entrevista a António Coimbra de Matos


Por que é que somos tão acanhados? Por que é que, se não em condições excepcionais, não ousamos e preferimos qualquer coisa que, mesmo que limitado, não nos ameaça?
Não sei responder. Talvez uma das razões seja o facto de ser uma cultura mais dominada por influência materna do que por influência paterna. Os pais são mais ausentes, saíram de casa, iam para o mar. A influência materna é mais conservadora. Quando uma criança está com medo, aflita, a mãe dá-lhe uma mão, o pai dá-lhe um pontapé no cu.


Qual é que é a melhor maneira de aprender?
São as duas, deve haver um certo equilíbrio.

(O PA disse isto e choveram tijolos...)
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Há outra coisa de que temos de falar: de países protestantes e de países católicos. Os protestantes são mais rígidos, mas introduzem mais mudança; aliás, produziram uma revolução dentro do próprio cristianismo. A religião católica é muito mais conservadora do que a protestante.

Um exemplo que conheço bem: a psicanálise tem sofrido mudanças importantes principalmente nos Estados Unidos, em Inglaterra, na Alemanha; nos países latinos, muito pouco, em França estão cristalizados, mais do que nós. Isto tem que ver com a cultura religiosa.

(Mais uma vez o pensamento de PA)
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Somos um povo que acredita facilmente em qualquer coisa.
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Suponho que temos uma circunstância cultural que não facilita a maturidade. No meio disto, há pessoas que conseguem amadurecer, mas o ambiente não é facilitador dessa autonomia, dessa coragem, dessa vontade de inovar, de explorar, de ser diferente.

A progressão das pessoas e das sociedades depende das pessoas que estão na posição dos mais velhos - do animal alfa. Daquele que tem mais poder, mais conhecimentos, mais história. Não são os animais ómega, as crianças, que são menos audazes; são os pais que não lhes facilitam essa audácia. Somos uma cultura muito ligada aos sistemas de poder.
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Somos educados na base da religião a sermos adaptados, a obedecer ao pai, ao chefe, ao polícia, a Deus e a não interferir no meio.
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Comentário: Embora discordando do entrevistado em muitos pontos, penso que esta entrevista é excelente. Finalmente conseguimos começar a falar da nossa cultura de uma forma frontal e descomplexada.

7 comentários:

marina disse...

tambem podiam por a europa no diva . nao so portugal esta feminino ...o politicamente patetico feminizou ( gayzou ?) a europa inteira e agora estamos indefesos perante ataques externos. e internos . um homem faz muita falta :)

Camisa disse...

amigos Joaquim e PA, fiz um meme em honra do PA e dos ataques que tem sofrido dos polticamente correctos, espero que gostem:

[IMG]http://i67.tinypic.com/166mbfr.jpg[/IMG]

Zephyrus disse...

Marina isso de dizer que a gayzada é coisa de sociedade efeminada tem muito que se lhe diga...

É que a gayzada pode ser coisa de sociedade hiper masculina ou de sistemas muito masculinos...

Zephyrus disse...

Não é o primeiro psicanalista que diz estas coisas.

Há uns anos li uma entrevista de uma psicanalista portuguesa com décadas de experiência que dizia isto: somos uma sociedade feminina onde as mulheres têm excesso de influência na família.

A figura da mãe castradora é doentiamente abundante em Portugal.

Zephyrus disse...

Mas fica aqui vincada mais uma característica da tugalhada.

É preciso título para se ser ouvido.

Ninguém vai levar a sério o Prof. Arroja. É economista, logo só deve falar de Economia.

Mas se for um Médico Psicanalista... é o Senhor Doutor, deve saber o que diz. Ainda mais com esta idade e experiência. E se disser as coisas com uma linguagem hermética para a populaça, que esta não compreenda bem, ainda melhor.

Os médicos são dos poucos profissionais que ainda são respeitados pela populaça, que ainda são ouvidos e respeitados. Os padres e os professores já não o são.

Unknown disse...

Mas António José Saraiva andará assim tão esquecido?
Tratou, e de que maneira,a natureza do povo que somos - mas, aparentemente, ninguém reparou...
Um caso exemplar do conveniente "esquecimento" de um dos nossos Maiores...

José Lopes da Silva disse...

A pergunta que fiz ao PA em 2007 mantém-se. Vamos continuar a ser um país de cultura católica em 2040?