18 dezembro 2015

o caso Sócrates

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O caso Sócrates é grave por qualquer lado que se queira olhar para ele. Reparemos, por exemplo, no que Sócrates afirma. O ex-primeiro ministro não se limita a criticar os vagares da acusação, os excessos de prisão preventiva ou as violações do segredo de justiça, que não serviriam, aliás, para distinguir o seu caso de tantos outros. Também não lhe chega refutar ou reinterpretar o que já veio a público dos elementos de acusação contra si. No tempo de antena da TVI, tal como já acontecera antes, vimos um antigo primeiro ministro e ex-líder de um dos maiores partidos do regime insinuar que foi vítima de uma perseguição judicial encomendada pelo anterior governo do PSD e do CDS para comprometer o PS na última campanha eleitoral. Segundo Sócrates, o PS perdeu as eleições por causa deste caso, o que quer dizer que os resultados eleitorais de 5 de Outubro terão sido viciados por uma encenação judicial inspirada pelo governo de então.
Depois de quarenta anos de regime democrático e de trinta anos de integração europeia, Portugal seria um país onde juízes e magistrados obedeceriam a instruções recebidas de dirigentes partidários. Ora bem: ou isto é mesmo assim, e então o actual governo e o parlamento deveriam estar a promover inquéritos à justiça e a investigar os anteriores governantes, ou isto não é nada assim, e então todos nos deveriam estar a explicar como é que um indivíduo com esta visão do regime foi primeiro-ministro deste país durante seis anos, e líder de um dos grandes partidos do regime.

2 comentários:

Anónimo disse...

"como é que um indivíduo com esta visão do regime foi primeiro-ministro deste país durante seis anos, e líder de um dos grandes partidos do regime."

Isto diz muito sobre o que é o PS e boa parte do país. Aquela parte que acha normal mentir sobre um currículo e forjar uma licenciatura, e claro, toda a corrupção ética, moral e política que este psicopata fez no governo. Somos ainda um país de patos-bravos.

Luís Lavoura disse...

um país onde juízes e magistrados obedeceriam a instruções recebidas de dirigentes partidários

Não necessariamente, eles podem simplesmente agir de motu proprio, movidos pelas suas próprias ambições de poder, sem obedecer a ninguém.