23 outubro 2015

a presidência imaginária

Foi ontem, às 8h05 da noite, que terminou a presidência imaginária de Catarina Martins. Durante duas semanas, a porta-voz do BE fez de conta que era um presidente absoluto: demitiu o governo de Passos Coelho, indigitou António Costa como primeiro-ministro, e pôs condições a um governo minoritário do PS. De facto, não estava sozinha na fantasia. Para quem ouvisse os seus putativos sócios na “maioria de esquerda”, parecia estar em curso uma espécie de revisão constitucional. O governo do país ia sair dos conciliábulos secretos de uns quantos chefes de partido, à revelia dos resultados eleitorais, do presidente da república, e até dos deputados eleitos. Eis como alguém que 68% dos eleitores rejeitou como primeiro-ministro se preparava para ser primeiro-ministro.

Rui Ramos

13 comentários:

Pedro Sá disse...

A lógica é absurda. Seguindo-a, também 61% dos VOTANTES (e não dos eleitores, o raciocínio de RR está errado logo aí) rejeitou Passos Coelho como Primeiro-Ministro.

Ou seja, por essa lógica ou alguém tem maioria absoluta à cabeça sozinho ou em coligação pré-eleitoral ou não tem legitimidade para ser PM.

Rui Alves disse...

E quiçá, com algumas pequenas cedências no programa do partido, claro, assumir um dia a presidência rotativa da UE.

Anónimo disse...

Cavaco fez o que só podia fazer. Só gente delirante podia pensar que este presidente da República ia dar posse a um "governo" que, para além de não ser melhor do que um governo minoritário da coligação que VENCEU as eleições, ainda por cima não teria legitimidade moral, pois as esquerdas não foram a votos admitindo que se poderiam juntar depois das eleições.

Para que Cavaco pudesse indigitar Costa, este teria de apresentar garantias de que o seu governo iria durar quatro anos, e de que o seu programa de governo seria consistente e fazível, sem que Portugal sofresse um retrocesso económico e financeiro. Mas Costa não apresenta nada disso, porque os partidos à sua esquerda não lho garantem. E não garantem porque o PCP não se compromete para uma legislatura, e porque tanto os comunistas como o Bloco têm identidades políticas que são anti-democráticas e incompatíveis com as regras do euro e do nosso sistema de alianças. Coisa "pouca".

Cavaco não tem de dar posse a um governo esquerdista só porque sim. Devia dar posse se esse governo servisse o interesse nacional (ou pelo menos não colidisse com ele, como é o caso) e não interesses pessoais socialistas, comunistas e bloquistas. Por isso é que o PR não é uma figura decorativa, ou agora já são contra os poderes do PR? Portugal não tem de ser cobaia para experiências políticas que não sejam sufragadas com o conhecimento do povo, e muito menos voltar à bancarrota por causa da sofreguidão dos que estão encostados ao Estado. Então num dia dizem que têm uma herança pesada e no outro já querem desatar a gastar à tripa-forra outra vez?

Quanto ao próximo PR, paciência. Os tempos não estão fáceis e pensar que o Cavaco ia resolver este impasse, quando os portugueses não quiseram dar a maioria a ninguém e os partidos não ajudam, só pode ser brincadeira. Os candidatos a Belém vão ter de ser claros também, olha que "chatice". Acabou-se a sonsice e ainda bem!

Anónimo disse...

Na Grécia, estes problemas resolvem-se dando um jackpot de 50 deputados ao partido que vence.

gaudio

Anónimo disse...

Outra coisa que daqui decorre é que nas próximas eleições o eleitorado vai ter de olhar bem para os programas do BE e do PCP, para refrescar a memória histórica. Estes partidos dizem o que as pessoas querem ouvir e nunca servem para mais nada senão para o eleitorado protestar. Mas com o intento de Costa o eleitorado do Bloco, que é de classe média, vai ter de pensar muito bem se quer que este "partido" esteja no governo, ou pelo menos que contribua para o programa do governo. Se o Bloco disser que pode ir para um governo liderado pelo PS, suspeito desaparece eleitoralmente antes de lá chegar. Vai ser "engraçade"...

Já o PCP é aquele "monólito" que nunca mexe. São sempre os mesmos a votar naquilo, portanto nem interessa o programa.

Joaquim disse...

gáudio,

Em Portugal, o jackpot de 50 deputados é o "benefício da dúvida" que o 2º partido mais votado deve dar ao vencedor.

zazie disse...

Só lhe faltava o kamarada Kim para os indigitar a todos.

JSP disse...

A "peça" aguentou pouco tempo - mas, convenhamos,foi o papel da vida dela.
Não volta a ter outro - para grande alívio da dor de corno do anacleto, da Drago, da stripper",do oliveira e de um bom número de etcs...

Cfe disse...

Passos teve a votação que teve dizendo exatamente ao que vinha.

Já Costa nunca disse que iria coligar-se ao BE e ao PCP.

E mais: conheço várias pessoas que votam no BE para ter um "voz que chateia os gajos", "uma voz que proteste", etc Não sei até que ponto iriam votar se soubessem que eles pudessem constituir governo: francamente aquilo parece uma associação de estudantes.

Harry Lime disse...

O Cavacão ontem só contribuiu para aumentar a confusão. Não contribuiu para resolver.

Fes um discurso que qualquer PaF poderia ter ter feito. Não foi o presidente de todos os portugueses, foi o presidente de apenas 37%.

É um triste.

Rui Silva

Harry Lime disse...

Ah... pois é: agora que a direita perdeu as eleições quer o jackpot dos 50 deputados. É uma distorção do sistema: ou bem que temos um sistema eleitoral maioritario à americana ou à inglesa) ou temos um sistema proporcional (à portuguesa ou à alemã).

Esta cena do jackpot é uma bastardização do sistema proporcional.

Rui Silva

Anónimo disse...

"Esta cena do jackpot é uma bastardização do sistema proporcional"

É. É verdade. Mas foi esta querida cena que levou o teu querido Syriza ao poder.

Na altura falaste em bastardização?

gaudio

Rui Alves disse...

Terminada a peça, a PàF canta à bloquinha pela voz da Adelaide Ferreira