16 junho 2015

uma evidência

José Sócrates pretende ser um “preso político”. A propósito, Luís Marques Mendes experimentou um trocadilho: Sócrates não é um “preso político”, mas apenas um “político preso”. Tem graça, mas não é uma solução. O caso de Sócrates é político. Não vale a pena tentar resumi-lo a um simples processo judicial como outro qualquer.
Comentário: Só não vê isto quem não quer.

4 comentários:

Anónimo disse...

uma evidência maior : Capitalismo de estado = corrupção = portugal de joelhos perante a troika = Sócrates na prisão

Anónimo disse...

Caro Joaquim. Não vale a pena atirar mais areia aos olhos dos leitores. As razões porque Ramos considera o caso do 44 como político são estas:

"Em primeiro lugar, porque a justiça portuguesa é frágil. É um passadouro de segredos e de indiscrições. Os seus processos desenrolam-se nos tribunais, mas também nos jornais, televisões e cafés. As gravações reveladas a semana passada mostram como Sócrates está consciente disso. Mais do que um interrogatório, registaram uma zaragata, isto é, uma oportunidade para Sócrates se exibir para as bancadas, no seu estilo característico (ó pá, a sua cabecinha). Para Sócrates, é óbvio que o processo nos tribunais é apenas um detalhe técnico de um problema que ele espera decidir, em última instância, pelos mesmos meios com que sempre fez política. Segundo Sócrates, este é um país onde a força prevalece sobre a lei. Com efeito, foi assim que durante seis anos no governo, ele resistiu e derrotou todos os processos e suspeitas judiciais. Muito provavelmente, acredita que só está preso porque perdeu poder. Resta-lhe, por isso, tentar recuperar esse poder, ou parte dele. Não lhe faltam, aliás, exemplos de que nunca a justiça em Portugal conseguiu terminar a carreira de um político, enquanto este teve força ou alguma influência. Mesmo depois de condenado em todas as instâncias.

Até por isso, é preciso tratar este caso de um ponto de vista político. Para Sócrates, a questão política é um ex-primeiro ministro ter sido preso. Mas a questão política é outra. Pelo que sabemos, Sócrates e os seus representantes legais negam tudo, menos uma coisa: que durante anos, incluindo os anos como primeiro-ministro, José Sócrates levou uma vida de luxo, acima das suas posses, graças a enormes quantidades de dinheiro que recebia secretamente do administrador de uma empresa com grandes contratos com o Estado (o qual lhe pagou, por exemplo, um fim-de-ano em Veneza em 2009). Não interessa agora discutir a origem desse dinheiro: essa é a questão judicial. A questão política é que tal situação de dependência oculta, mesmo que não configure nenhum ilícito penal, é absolutamente inapropriada para um político. Em Inglaterra, o ministro trabalhista Peter Mandelson demitiu-se em 1998 por não ter declarado no Registo de Interesses da Câmara dos Comuns um empréstimo de 373 000 libras de um colega do governo."

Não vale pois a pena continuar a sua cruzada em favor do corrupto sem vergonha. É perda de tempo.

zézinho disse...

Claro que é um caso político. O 44 andou a gamar por conta e por via da porca da política. Se não estivesse no governo e depois a chefiá-lo com maioria absoluta, graças aos votos de Vexas, como é que ele podia dar o troco que deu às várias Lenas e outras rameiras que andam por aí ao ganho? E os cambalachos de alto nível internacional, como o desarrincado com o amigo e camarada Chavez e outros que tais?
Que é político e bem político vai notar-se ainda mais quando se fizer a prova que este tipo de actuação "política" só foi possível com o conhecimento e cumplicidade de vários elementos do "balneário" do seu governo.

Harry Lime disse...

O caso do Peter Mandelson citado em cima faz todo o sentido.

O Peter Mandelsson demitiu-se depois de ter sido descoberto o emprestimo não declarado mas não foi alvo de nenhum processo judicial. No entanto, houve uma falha pessoal dele do ponto de vista politico.

Aqui passa-se a mesma coisa: a moralidade politica do Socrates é extremamente questionavel (no minimo!) mas processo judicial só faz sentido se houver um caso solido de corrupção (que não existe nem no caso do Socrates em Portugal nem caso do Peter Mandelson em Inglaterra)

Rui Silva