16 abril 2015

programas políticos focados no cidadão


Vida Real

Por esta altura, os partidos políticos andam à nora para apresentar aos tugas programas minimamente aliciantes.
Infelizmente a estratégia a que recorrem está enviesada, senão completamente errada. Juntam uns sabichões da treta e desatam a discutir o que podem fazer na educação, na saúde, na segurança social, na economia, etc. O resultado é um conjunto de medidas avulsas que dizem muito pouco.
Eu pretendo, com este post, propor uma metodologia alternativa. Analisar a “Vida Real” dos portugueses, do berço à cova, perceber quais são os principais empecilhos à felicidade do indígena e oferecer soluções.
Soluções que têm de ser hierarquizadas porque não é possível dar tudo a todos. Já seria suficiente, na minha opinião, que o Estado retirasse obstáculos do caminho para que pudéssemos viver a nossa vida à vontade e com mais liberdade.
Vamos a pequenos exemplos, que os portugueses preferem a quaisquer hipóteses abstractas.
Berço:
Por que não permitir às mães solteiras que entreguem os filhos a instituições de caridade, de forma anónima?
Por que não facilitar todo o processo de adopção, de modo a que não demore mais do que 1 mês? E deixar de discriminar entre solteiros, casados, gays, etc. É sempre preferível ter um parente adoptivo do que “estacionar na Casa Pia”.
Vida activa:
Por que não acabar com o salário mínimo? Não é preferível ter um jovem num macjob do que no desemprego?
Por que não isentar de quaisquer contribuições e impostos "start-ups" que facturem menos de 5.000,00 €/ ano (+ ou - o salário mínimo x 12).
Por que não acabar com os atestados de doença? Pelo menos para ausências do trabalho inferiores a 1 semana.
Cova:
Por que não aceitar a eutanásia, para casos terminais e doentes em estado vegetativo, mantidos apenas com suporte médico?
Finalmente:
Nos casos controversos, por que não recorrer ao referendo, tanto quanto possível.

24 comentários:

Harry Lime disse...

Algumas notas em relação às tuas medidas

Berço

a) As mães solteiras sempre entregaram de forma anonima os filhos a instituições de caridade. O que tu pretendes, no entanto, não é "permitir" que isso se faça. O que tu sugeres é que se "obrigue" a que isso se faça. Como na URSS com os filhos dos dissidentes...

b) ok

Vida Activa

a) baixar o salario minimo é contra produtivo. Sugestões: estudar o komuna Keynes e entender o conceito de "marginal propensity to consume". Copiar as mais rasteiras propostas do Partido Republicano americano nunca é boa ideia

b) Mas existem "start ups" em Portugal? Ou estas a propor que se isentem de impostos os cafes e os lugares de bairro (que existem no meu e no teu no de toda a gente). Se acredittas na que existem start ups em Portugal então és lunatico se, por outro lado, defenderes a isenção de impostos para os cafes e lugares, concordo contigo.

c) Pá... ok. É um bocado igual ao litro mas reduz a burocracia e isso é bom.

Cova

a) Não. Ponto. Ou alternativamente permitir sob autorização da familia e não sob pressão dos médicos e dos gestores hospitalares para libertar camas

Finalmente

a) Não. Acreditas realmente que isso resolveria alguma coisa? Acreditas que a sabedoria da multidão é melhor do que a de um qualquer deputado que tiou um curso a martelo na Lusofona? Eu não acredito. Acredito que é precisamente igual. Por isso, como medida de contenção dos custos (e para evitar surpresas desagradaveis), mantenho que o referendo deveria ser proibido.

Rui Silva

Anónimo disse...

"Mas existem "start ups" em Portugal?"

Existem, e mesmo que nao existissem poderiam passar a existir.

Harry Lime disse...

Anonimo,

Não, não existem. Existem uns tipos a fazer sites e aplicações para telemoveis.

Start ups no sentido americano do termo, existem muito muito poucas. E as que existem rapidamente deixam de ser portuguesas para passar a ser americanas (pista: follow the money)

O que existe, com algum sucesso, são empresas de out sourcing de serviços informaticos. O que eu saudo porque os techies nacionais estão entre os melhores do Mundo e são bastante baratos, sendo a sua relação qualidade preço brutal.

Agora, "start ups"? Quem entender a economia por detras duma start up de internet rapidamente percebe que é praticamente impossivel haver start ups em Portugal.

As boas ideias podem aparecer em todo o lado mas a sua concretização plena (especialmente no campo tecnologico) não pode ser levada a cabo em qualquer lado.

E não penso que seja por causa dos impostos...

Rui Silva



Anónimo disse...

Lol. Entao é melhor não dizer nada a alguns amigos meus, que ainda ficam tristes.

Vá, Sr. Silva. Se pensar nisso o que era o facebook senão "uns tipos a fazer sites" ?
Vão lhe dar um exemplo português de gente que anda a fazer sites -> http://baboom.com/developers/
Pode correr mal ? Oh, sem sombra de dúvida. Mas é de facto uma start up, é esperado.

E logo que não seja dinheiro de venda de 'diamantes de sangue', é assim tão importante de onde são os investidores ou a nacionalidade do investimento ?


"As boas ideias podem aparecer em todo o lado mas a sua concretização plena (especialmente no campo tecnologico) não pode ser levada a cabo em qualquer lado."

Agora, tem que explicar porque. :)

Harry Lime disse...

Bem, vamos lá...

O que é uma start-up? É uma empresa que em, primeiro lugar, pretende resolver uma necessidade (conhecida ou não) do publico e, em segundo lugar, que tenha potencial de crescimento exponencial.

Ora, é ne segundo passo que Portugal falha: não é muito exequivel que uma empresa portuguesa a funcionar no mercado portugues consiga desenvolver (o demonstrar a capacidade de desenvolver) a escala suficiciente para ser atractiva para os investidores.

Por alguma razão, os Venture Capitalists existem sobretudo nos EUA e, em escala menor, nos maiores paises europeus. Há, sem duvida uma componente cultural mas em ultima analise é tudo acerca de escala: os EUA são um mercado muito grande, mais ou menos homogeneo em que é relativamente facil a um empreendedor na Californaia demonstrar que o seu produto é vendável não só na California mas também no Texas, no Alabama em NY ou no Montana. Depois de demonstrar a sua capacidade à escla de um pais como os EUA, é relativamente fácil dar o salto para os mercados internacionais.

Mercados grandes permitem efeitos de escala interessantes e a facilidade em escalar um negocio é um dos aspectos cruciais que os investidores normalmente procuram numa startup.

Respondi à tua pergunta, anonimo?

Rui Silva

Harry Lime disse...

Ora, é evidente que os portugueses têm tanta capacidade para criar boas ideias como os americanos, os chineses ou os alemães.

Mas o que acontece quando essas boas ideias e a excelente capacidade de trabalho dos portugueses entra no radar dos capitlistas de risco estrangeiros, estes tomam conta do negocio (porque são os únicos com capital e conhecimento para escalar o negócio e assim desenvolver o real potencial da ideia.

em consequencia disto, estas start ups portuguesas deixam de ser portuguesas quer em termos de estrutura de capital quer em muitas vezes fisicamente, mudando-se essas startups para os locais onde estão os clientes e os investidores.

Rui Silva

PS. E como se vê não tem nada a ver com o salario minimo nem com os impostos nem com estas tretas que a malta copia do Partido Republicano.

Harry Lime disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Harry Lime disse...

Já agora, o Facebook não foi criado no Tecnico (a minha alma mater) mas em Harvard.

Não que o Zuckerberg seja melhor programador do que os dreads do Tecnico (não é) ou porque tenha melhores ideias que os tipos do IST (não tem).

Para além das boas ideias, da inteligência e da capacidade técnica do Zuckerberg (que não são assim tão invulgares), o aspecto essencial foi o facto de ter acesso a um mercado grande que o permitiu escalar a custos baixos. Por exemplo, as primeiras versões do FB eram apenas em ingles e isso era suficiente para ter acesso a um mercado de 200 milhoes de habitantes mais os estrangeiros com conhecimento de lingua inglesa.

Se o FB tivesse sido desenvolvido em Portugal teria tido de ter logo à partida uma versão em Portugues para crescer e logo a seguir outra em ingles...

(isto trata-se apenas de um exemplo, na realidade localizar um site é bastante fácil e barato mas exige staff que faça o trabalho)

Mais,não existe em Portugal nenhum investidor com capacidade para financiar o crescimento explosivo de uma coisa como o FB... pelo que um eventual FB português, criado nas caves do IST por programadores portugueses, se tornaria inevitavelmente uma coisa americana se se quisesse tornar uma coisa global.

Muito provavelmente, os próprios criadores de um FB português teriam de se mudar para Sillicon Valley (por razões obvias) e teriam provavelmente de empregar engenheiros e gestores americanos.

Esta é a natureza das coisas. As coisas são assim porque são assim.

Rui Silva

PS. Já agora gostaria de conhecer o seu nome, "Sr. Anonimo".

PPs. E é de bom tom repetir a ideia de que papaguear as tretas primárias da Fox News, do Tea Party e do Passos Coelho nunca trouxe felicidade a ninguém. É só uma nota.

Harry Lime disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Harry Lime disse...

Já agora em relação ao Babboom. acabei de ver o site deles e, mesmo sem fazer criticas ao modelo de negocio, acho que um negocio destes ou rebenta ou se torna não-portugues.

Para crescer vai ter obter contactos junto da industria musical. Hey, eu só me ligo ao Baboom se eles disponibilizarem em exclusivo a musica dos meus artistas preferidos... e, ainda que eu goste muito de musica portuguesa, tenho a certeza que o trafego gerado pelos artistas portugueses não seria suficiente para fazer crescer o negocio.

Assim, a solução é a obtenção de contactos na industria, localizada na Europa, no UK e nos EUA... Ora esses contactos têm um preço e o preço nas start ups é normalmente pago em participação no capital. (alias, o Baboom promoveu-se em primeiro lugar por ser o serviço de musica digital do Kim Dotcom... )... por outras palavras, o negocio torna-se não portugues (ainda que tenha sido fundado por portugueses)

Ora, o que poderá muito bem acontecer é que a infraestrura técnica poderá ser gerida em Portugal... por techies nacionias bons e baratos.

Pelo que o Baboom apenas confirma a minha tese exposta em cima: a localização conta e mais tarde ou mais cedo faz-se sentir.

Rui Silva

Harry Lime disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Harry Lime disse...

Já agora eis o artigo onde se fala da relação do Baboom com o Kim Dotcom

http://www.theguardian.com/technology/2014/oct/02/kim-dotcom-baboom-music-service

E já agora, uma biografia do Kim Dotcom, venture capitalist, fanfarrão, burlão, alemão (não portugues...) que fez a fortuna na bolha das dotcom...

http://en.wikipedia.org/wiki/Kim_Dotcom

Rui Silva

Anónimo disse...

"Ora, é ne segundo passo que Portugal falha: não é muito exequivel que uma empresa portuguesa a funcionar no mercado portugues consiga desenvolver (o demonstrar a capacidade de desenvolver) a escala suficiciente para ser atractiva para os investidores."

E quem disse que precisam de se focar no mercado português ?

Peguei na baboom como exemplo porque existe o Spotify. Segundo entendi a baboom pretende diferenciar-se apostando em artistas 'indie' e oferecendo maior qualidade áudio (audiofilos apesar de serem um nicho estão normalmente dispostos a pagar um premium) mas isso já é outra história. O que interessa aqui é que a baboom é uma start up, tal como o spotify. E que a baboom foi fundada num país com um mercado pequeno, tal como o spotify, que foi fundado na Suécia (país mais rico, mas mesmo assim o tamanho do mercado é diminuto).

A Spotify hoje em dia, segunda a wikipedia (não é a fonte mais fiável, mas pronto) emprega 1200 trabalhadores, a maior parte deles concentrados na Suécia. E tem perto de 15 milhões de utilizadores com contas pagas (não gratuitas).
A sede actual da empresa é em Londres (ou pelo menos tem UMA sede em Londres), talvez por razões de licenciamento das musicas. O desenvolvimento e pesquisa continua concentrado em Estocolmo.

Aplicando o seu raciocinio, a empresa (a Spotify) nunca devia ter o sucesso que teve, ou o escritório de estocolmo devia neste momento ter sido reduzido a um centro de manutenção técnica, ou então os investidores americanos já teriam neste momento transplantado a empresa completamente para os EUA. Mas de qualquer maneira a empresa nunca devia ter aberto, já que a maior parte do capital veio de fora logo já não é uma empresa Sueca. (aquelas 1200 se calhar teriam algo a dizer sobre isto)
A não ser que haja algum aspecto que na Suécia invalide o que indicou.

@FB
Sr. Silva, então 'fazer uns sites' não é, mesmo dentro do seu raciocínio o que desqualifica qualquer empresa de ser uma 'start up'.

@Nome
O meu primeiro nome é Cobarde, mas preferia que me tratasse por Sr. Anónimo. ;)

Anónimo disse...

@Joaquim

Acho que o PA tem razão, apresentou um 'projecto' com propostas em concreto a jeito de demonstração, e mesmo assim foi se para o que não interessa. Não é a melhor abordagem. :P

Cobarde Anónimo

Harry Lime disse...

Bem, eu digo lá em cima claramente duas coisas:

- as boas ideias podem aparecer em qualquer lado

- é possivel manter o serviço de infraestura técnica no pais de origem (Portugal ou Suecia, no caso do Spotify)

E depois digo uma terceira:

- para ter "global reach" uma startup precisa de capital que não consegue obter localmente nos pequenos paises de origem.


Em Portugal ou na Suecia não existem investidores que permitam a uma empresa local suportar os investimentos necessários para lhe dar escala. Logo, calculo que neste momento, o Spotify já não seja uma empresa sueca (a não ser que os donos do spotify, neste momento maioritariamente não-suecos, sejam benevolentes ).

Harry Lime disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Harry Lime disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Harry Lime disse...

E não há problema nenhum em "fazer uns sites". Alias, todas as boas startups começam com tipos a fazer uns sites ou a montar computadores na garagem...

Só não percebo porque é que se ha-de dar primazia a essa actividade em relação a outras.

É que objectivamente, uma start up não contirbui de forma muito grande para a criação de riqueza de um pais (poderá contribuir para a riqueza das pessoas envolvidas...).

Agarremos no exemplo do FB (mas poderia ser o Baboom, por exemplo).Foi fundado por pessoas altamente qualificadas graduadas nas melhores universidades e empregando pessoas com perfil semelhante.

Os milhares de pessoas que trabalham em Menlo Park bem como os 1200 do Sportufy bem como as duas duzias que trabalham no Baboom não teriam qualquer dificuldade em arranjar um emprego bem pago numa empresa respeitavel.


Mais sendo uma start up normalmente uma empresa de capital intensivo é pouco provavel que gere muitos empregos (proporcionalmente à facturação, claro). Sendo que esses empregos são como digo em cima altamente qualificados logo sem dificuldade em arranjar alternativas.

ENão tenho nada contra start ups e acho que quem tem uma ideia tem todo o direito (o dever, até!) de correr com ela.

Agora apenas penso que dar privilegios especiais a elas é dar ajuda a quem não precisa e numa economia real com recursos muito limitados isso deve ser tido em conta.

Um tipo tem uma ideia, fixe, que corra com ela e que assuma os riscos sme a ajuda do estado... É que na hora de distribuir os ganhos também não estou a ver o tipico empreendor a dar uma fatia do que ganhou ao Governo Portugues.

Rui Silva

Harry Lime disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Harry Lime disse...

E já agora, no mue primeiro comentário en respondi a todas as propostas do Jaquim (ver primeiro comentário desta caixa)

Quem se focou no tema das startups foi o Sr. Anonimo. A relevancia (ou falta dela) deste tema foi definida pelo Sr.Anónimo e não por mim.

Mas se o Sr. anonimo acha que o tema das tartups (escolhido por ele) é pouco relevante podemos falar doutras coisas. O post do Jaquim tem muito por onde se lhe pegue.

Rui Silva

Anónimo disse...

Sr. Silva, entao pela sua propria argumentacao ha start ups em Portugal.

Foquei me um um ponto, porque foi aquele que me motivou a comentar.

Na realidade acho que o post do Joaquim não é sobre pontos. Será mesmo sobre a metodologia. Usando a mesma metodologia chegaria a outros pontos provavelmente.


Cobarde Anónimo

Harry Lime disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Harry Lime disse...

Pela minha argumentção não há start ups portuguesas.

Que elas estejam ou não localizadas em Portugal é um pormenor: vão gerar poucos empregos (e extremamente qualificados... empregando pessoas que arranjam facilmente alternativas) e a riqueza que eventualmente gerarem não vai ficar em Portugal, quer ao nivel de impostos, quer ao nivel de empregos (já falado) quer eventualmente ao nivel de conhecimento criado (patentes, etc).

Será necessário fazer desenhos?

Já agora o "processo" que norteia o pensamento do Jaquim é ler meia duzia de libertarios escleroticos americanos, ver a Fox News e tentar copiar (sem grande originalidade) medidas da direita emricana que nem nos EUA foram levadas a sério.

Esta das start-ups é apenas um exemplo, concordo. Mas se quiseres podemos falar do "processo", da "estratégia" e do "pensamento" donde vêm estas medidas.

Rui Silva

Anónimo disse...

Ora veja la o que escreveu...

"(e extremamente qualificados... empregando pessoas que arranjam facilmente alternativas)"

Esses empregos seriam muitas vezes no exterior... Seria capaz de dizer na cara a alguem que apesar de querer e poder ficar em Portugal, o melhor que tem a fazer e' ir se embora porque aquilo que considera ser uma 'start up' n e a empresa em que trabalha ?
(adivinho que ira partir para 'ah e tal o melhor e' sempre abandonar o pais' e apresentar um racional para isso, depois do meu comentario, talvez salarios mais altos mas outra x pq negar essa escolha (ficar em pt)? )


Nao, nao me apetece muito continuar. Mas se quiser expor a sua linha de raciocinio completa sera lida.

Cobarde Anonimo