Na intervenção que
fiz recentemente sobre o “Futuro da Saúde” – numa conferência da Dish Mob, na
Faculdade de Ciências da Saúde da U.M. – afirmei que o actual sistema de saúde
não é gerível e que apenas pode ser administrado por critérios economicistas.
Defendi a minha tese
partindo de alguns conceitos básicos, as definições de economia, de gestão e de
utilidade.
Economia: é a disciplina que analisa o uso alternativo de recursos escassos.
Gestão:
é a disciplina que procura retirar o
máximo de utilidade dos recursos investidos.
Utilidade: é o prazer ou satisfação (value for money) que obtemos do consumo de
um determinado bem ou serviço (conceito subjetivo e PROFUNDAMENTE
INDIVIDUALISTA).
Ora sendo o sistema
de saúde “universal, geral e gratuito”, não é possível conhecer a utilidade que
os serviços têm para os utentes e, portanto, o administrador fica limitado à
análise económica de diversas alternativas.
É por isso que todos
(esquerda e direita) acusam a administração do sistema de saúde de economicismo.
O economicismo é o
patamar possível de planeamento e organização de um sistema quando a gestão não
tem cabimento. O problema é que provoca um conflito constante entre as
necessidades dos utentes e a percepção que os economistas têm dessas
necessidades.
Para ultrapassar este
conflito, o que eu recomendei foi:
+ GESTÃO e -
ECONOMICISMO
5 comentários:
Paralelo: muitas empresas necessitam de um sistema de apoio ao cliente, em que procuram resolver problemas com a utilização dos seus produtos e serviços. Não me consta que tenham dificuldades em encontrar métricas para avaliar o sucesso, ou contabilizar os custos respectivos.
(Óbviamente que em questões de saúde apanhar com um "WONTFIX" como o da hepatite C dá má PR, que também tem os seus custos, mesmo que irracionais, pelo que etc. e tal.)
Erm... eu não penso que a utilidade no contexto da saude seja tão subjectivo como isso.
Acho que de um modo geral utilidade no contexto da saude é uma coisa muito simples:
- ser tratado de forma efectiva e rapida a uma problema de saude.
Depois é necessário gerir os recursos de forma a concretizar essa visão. Há que fazer perguntas como: o que é efectivo? o que é rápido? é evidente que do ponto de vista dp utente "rápido" significa "já". Mas isso é impossivel, por isso temos de encontrar uma definição de "rápido" que seja razoavel . O mesmo se passa para "efectivo".
Apesar de profundamente indivdualista, o utente não é completamente idiota... e estou certo que está aberto a ideias razoaveis.
Até aqui penso que estou de acordo com o Jaquim... mas depois conhecendo o pensamento do Jaquim já sei o que vem a seguir.
Eis o que o Jaquim pensa: como a utilidade é subjectiva e profundamente individualista (discordo!) e solução será individual: defini-se, da forma classica, um trade-off entre a utilidade da saude e a do dinheiro. Para a mesma utilidade haverá uma serie de pontos Saude/Custo ao longo da qual cada utilizador estará.
Por outras palvras e falando bom portugues: o que o Jaquim propõe é que se o Zé Povinho quer saude tem de a pagar senão está disposto a paga-la lixa-se.
Rui Silva
Ora a solução para um serviço publico de saude (tal como para outras areas: educação por exemplo) é outra.
O papel do serviço publico será definir um patamar minimo de qualidade na prestção de serviços que corresponde a um minimo de qualidade (as tais "eficiencia" e "rapidez")
Porque aqui não há trade-offs: o pagamento de zero euros não corresponde a um serviço de zero qualidade, até porque ninguem paga zero euros... há aquela coisa chamdaa impostos, lembram-se?
No caso da saude será a tal eficiencia e rapidez minimas (que repito, não são subjectivas).
E depois qual o papel dos privados? Muito simples: fornecer mais do que a qualidade minima do serviço publico. E acima disso cobrar o equivalente a essa qualide extra.
Ora o que o Jaquim propõe (por portas travessas com esta conversa fiada da utilidade) é que o privado (ou um publico pago) se subsitutam a um serviço publico não pago.
Errado, existe um serviço privado pago que terá de competir com um publico "não-pago".
Então e se os privados não conseguirem providenciar produtos e serviços melhores do que os do publico que justiquem o custo extra para o utilizador? Pá, azar... A vida é dura...
Rui Silva
«E depois qual o papel dos privados? Muito simples: fornecer mais do que a qualidade minima do serviço publico. E acima disso cobrar o equivalente a essa qualide extra.»
Nesse caso pode-se concluir que a ADSE é inconstitucional.
Lá vai a igualdade para o maneta.
Joaquim.
Acha correto a Câmara de Carrazeda de Ansiães, pagar para a populaça ir ao cinema ver as" cinquenta sombras de Grey", e justificar isso como sendo dar cultura à populaça?
Ou esses autarcas, são gente que ainda não percebeu o que passa em Portugal desde 2008?
jc
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